O presidente Jair Bolsonaro convocou nesta terça-feira (3) os brasileiros a saírem às ruas no dia 7 de setembro vestindo verde e amarelo para mostrar que “aqui é o Brasil” e que “a Amazônia é nossa”. Bolsonaro lembrou que o ex-presidente Fernando Collor também fez um apelo semelhante e “se deu mal” — na época, manifestantes saíram de preto, em protesto ao governo —, mas afirmou que não acontecerá o mesmo agora, por não se tratar da defesa de um governo ou de uma pessoa.
“A gente apela para quem está nos ouvindo, para quem está em Brasília, quem por ventura estiver no Rio de Janeiro, em São Paulo, que compareça de verde e amarelo. Eu lembro que lá atrás um presidente falou isso e se deu mal. Mas não é o nosso caso. Nosso caso é o Brasil. Não é para me defender, ou defender quem quer que seja. É para mostrar para o mundo que aqui é o Brasil. Que a Amazônia é nossa”.
Bolsonaro fez uma crítica indireta ao presidente da França, Emmanuel Macron, por ter defendido um debate sobre a internacionalização da Amazônia, dizendo que essa declaração “mexeu” com os brasileiros e com a população de outros países da Amazônia.
“Um presidente lá do outro lado do Atlântico resolver falar uma coisa que tocou a todos nós, falar em soberania relativa (da Amazônia). Mexeu conosco. Nós, brasileiros, e com os demais países da região amazônica. Nós queremos, sim, tirar uma posição disso. Isso serviu para acordar muita gente no Brasil que nem sabia o que era Amazônia”.
O apelo de Bolsonaro foi feito durante cerimônia, no Palácio do Planalto, de lançamento da “Semana do Brasil”, uma campanha publicitária para incentivar descontos e promoções durante os dia 6 e 15 de setembro, como parte da comemoração do Dia da Independência. A ideia é que a campanha seja repetida todos os anos. De acordo com o governo, até o momento 4.680 empresas e entidades estão participando.
O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, também exaltou o patriotismo em seu discurso, dizendo que a cor do Brasil não é vermelha:
“Vamos celebrar os nosso valores. O patriotismo, o sentimento de pátria, a cor verde e amarela. A nossa cor…Desde criança, na escola pública, nunca me lembro de estar usando no uniforme de colégio público cor vermelha. Sempre usei a cor verde e amarela, que é a cor do nosso Brasil”.
Idealizador da “Semana do Brasil”, o Secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, afirma que mais de 4 mil empresas aderiram à ação promocional. Segundo o secretário, os descontos serão definidos por cada participante. Ele não soube responder qual o incremento que a campanha poderá gerar à economia e informou que a avaliação será feita depois.
Wajngarten reconheceu a dificuldade de criar uma nova data comemorativa, mas afirmou que é preciso ter “perseverança”:
“Sejamos persistentes e pacientes. A própria Black Friday demorou para se consolidar e está sendo construída no varejo brasileiro. Por isso, devemos ter perseverança nos próximos anos na construção do Sete de Setembro como uma data símbolo”.
O desfile-cívico-militar de 7 de Setembro, no próximo sábado, ocorrerá na véspera do chefe do Executivo se submeter a uma nova cirurgia para a correção de hérnia incisional, que surgiu em decorrência das intervenções anteriores. O evento ocorre também um dia após completar um ano da facada sofrida por Bolsonaro durante ato de campanha em Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Dois mil militares vão trabalhar na segurança na comemoração do Dia da Independência deste ano, em Brasília, a primeira que Bolsonaro vai participar como presidente. O desfile deverá demorar 1h15 e não tem previsão de discurso de Bolsonaro. O Planalto não divulgou em que tipo de veículo o presidente chegará à cerimônia. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o aguardará no palaque.