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domingo 6 de dezembro de 2020 às 06:05h

Bolsonaro avalia ‘plano B’ para presidência da Câmara dos Deputados

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Arthur Lira (PP), Fábio Faria (PSD) e Tereza Cristina (DEM) são suas opções, diz Folha

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) começou a discutir um plano B diante das dificuldades de o líder do PP, Arthur Lira (AL), se viabilizar para o comando da Câmara dos Deputados.

A tentativa do mandatário é segundo a Folha de S. Paulo encontrar uma alternativa para derrotar o grupo do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sem a necessidade de fazer concessões no primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios.

O principal receio de Bolsonaro é que Maia decida disputar a reeleição, caso o STF (Supremo Tribunal Federal) permita a sua candidatura. Mais do que eleger seu candidato, o objetivo do presidente é impedir que o deputado seja reconduzido. ​

O STF começou a julgar na sexta (4) a possibilidade de reeleição de Maia e de Davi Alcolumbre (DEM-AP) às presidências da Câmara e do Senado dentro de uma mesma legislatura.

Apesar do veto da Constituição, já havia quatro votos (de Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes) a favor —o julgamento vai até o próximo dia 14.

Outro ministro (Kassio Nunes) defendeu a possibilidade de recondução só de Alcolumbre, e três (Marco Aurélio, Cármen Lúcia e Rosa Weber) votaram pela proibição para ambos.

Em conversas na semana passada com assessores palacianos, o Bolsonaro avaliou nomes, inclusive da equipe ministerial, que poderiam agregar mais apoios na disputa legislativa na Câmara.

Segundo relatos feitos à Folha, foram defendidos ao presidente os nomes dos ministros Fábio Faria (Comunicações) e Tereza Cristina (Agricultura). Os dois têm mandato parlamentar e estão licenciados: o primeiro pelo PSD e a segunda, pelo DEM.

Além deles, auxiliares palacianos citam um eventual apoio ao presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP) —hoje no grupo de Maia. O parlamentar tem uma boa relação com o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

A execução de um plano B, no entanto, enfrenta dificuldades.

Faria já avisou a Bolsonaro que não tem interesse neste momento em disputar a presidência da Câmara. Entusiastas do nome do ministro, porém, disseram acreditar que ele ainda pode mudar de ideia caso seu nome se mostre viável.

A discussão de uma alternativa para o embate legislativo, marcado para fevereiro, teve início após Bolsonaro ter manifestado incômodo com a postura de Lira. Segundo relatos de integrantes do Executivo e do Legislativo, o deputado tem cobrado maior empenho do presidente à sua candidatura.

Em conversa recente, relatada à Folha, Lira sugeriu que, se o governo não entrasse de cabeça em sua candidatura, ele teria de buscar votos junto a partidos de oposição. E, em busca de alianças, incluir pontos defendidos por legendas de esquerda em sua campanha.

Procurado pela Folha, Lira negou ter tido a conversa com o presidente. “Não é verdadeira a informação. Na Câmara tenho relacionamento há muito tempo com todos os campos, os respeito e vice-versa. Tenho perfil próprio, converso com todos”, disse.

Embora o deputado negue, auxiliares de Bolsonaro afirmam que a sinalização de Lira desagradou o presidente e ministros palacianos, que, somada à dificuldade de ele em conseguir apoio, passaram a avaliar novos cenários para a disputa.

Maia tem repetido a deputados aliados que, mesmo que o STF autorize a sua reeleição, ele não pretende disputá-la. O Palácio do Planalto, no entanto, tem dúvidas.

Na tentativa de impedir uma reeleição de Maia, assessores palacianos defendem que o presidente não coloque sua digital de forma explícita e ofereça cargos no primeiro escalão em busca de apoio ao seu candidato. Aliados de Lira, inclusive, têm oferecido postos a deputados em troca de votos.

A ofensiva do governo vai depender do “tamanho do problema”, como resumiu um ministro. Segundo congressistas, a liberação de recursos acordada em troca da aprovação de projetos já começou a ser atrelada ao apoio a Lira.

Com a pressão por cargos de primeiro escalão, o presidente foi aconselhado por ministros militares a antecipar para janeiro a reforma ministerial. A ideia é tentar, assim, se blindar da ofensiva do bloco partidário.

Na semana passada, o presidente do DEM, ACM Neto, afirmou a deputados e a ministros que Maia não será candidato e que o objetivo dele é garantir a recondução do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

O DEM teria cedido porque recebeu o recado de que, caso insista em lançar candidato também na Câmara, no caso Maia, poderia enfrentar resistência no Senado, hoje considerado a prioridade do partido.

Além disso, aliados do presidente da Câmara disseram acreditar que, ao não disputar a reeleição, o deputado se cacifa ainda mais para emplacar um nome de sua preferência para o comando da Casa.

Caso o cenário sem Maia se concretize, o que é avaliado como o mais provável, ministros consideram que não será necessário entregar dedos e anéis para eleger o candidato do governo. Assim, para evitar pressão do centrão, Bolsonaro pode antecipar a reforma ministerial.

Inicialmente, o presidente cogitava fazer uma troca de cadeiras após a eleição na Câmara, como forma de acomodar o grupo que sair vencedor da disputa.

Irritado com as cobranças por espaço, porém, considera realizá-la agora em janeiro, podendo fazer nova mudança após a eleição.

As trocas devem envolver inclusive pastas da chamada cozinha do Planalto, ou seja, que despacham na sede administrativa do Executivo. Uma mudança avaliada como bastante provável é no comando da Secretaria de Governo.

Para contemplar o PP, partido ao qual já havia prometido um posto ministerial, Bolsonaro considera nomear para a pasta responsável pela articulação política o atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PR).

Com a mudança, Ramos seria deslocado para a Secretaria-Geral. A pasta ficará vaga com a saída de Jorge de Oliveira para assumir o cargo de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).

Além dessa troca, Bolsonaro considera alterar os comandos do Turismo e da Cidadania, como a Folha mostrou em outubro.

Na quarta-feira (2), em reunião com ministros, Bolsonaro disse que quem decide mudanças no governo é o chefe do Executivo e, contrariando expectativas, afirmou que o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) continuará no cargo.

Hoje, Lira, o principal adversário do grupo de Maia, tem o apoio de siglas como PL, Solidariedade, Avante, PSD, Patriota e PSC, que somam 150 deputados.

Caso não dispute a reeleição, Maia pode apoiar a candidatura de nomes como Baleia Rossi (MDB-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Marcos Pereira (Republicanos-SP) ou Luciano Bivar (PSL-PE).

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