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quinta-feira 17 de agosto de 2023 às 11:52h

Bolsonaro ‘assegurou’ que daria indulto em caso de prisão, diz hacker na CPMI

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O hacker Walter Delgatti Neto, ligado à deputada Carla Zambelli (PL-SP), presta depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, que investiga atos e omissões durante os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes, nesta quinta-feira (17). No dia anterior à oitiva, Delgatti conseguiu no STF um habeas corpus que lhe dava o direito de permanecer em silêncio, mas decidiu responder às perguntas dos parlamentares.

Acompanhe:

Ao ser questionado pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama, Delgatti declarou que se reuniu com membros do PL, em agosto de 2022, antes de encontrar Jair Bolsonaro, para discutir a “fragilidade das urnas”. “A ideia era, no dia 7 de setembro, eles pegarem uma urna, colocar um aplicativo meu lá e mostrar à população que é possível apertar um voto e sair outro. Eu faria o código-fonte da urna, não o do TSE. E nesse código meu eu inseria essas linhas, de códigos maliciosos. Feita para mostrar que a urna, se manipulada, sairia outro resultado. Um código-fonte fake”, afirmou. Segundo ele, a ideia foi inviabilizada após reportagem de VEJA que revelou o encontro.

O hacker disse ainda que o ex-presidente Jair Bolsonaro lhe “assegurou” um indulto, caso fosse preso ou condenado pelas ações em referência à urna eletrônica. A promessa, segundo ele, foi feita no Palácio do Alvorada. “A ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia”, revelou.

O depoente revelou que o primeiro encontro com Zambelli ocorreu por acaso, em Ribeirão Preto (SP), quando trocaram contato. Segundo ele, depois disso, a bolsonarista entrou em contato e ofereceu uma oportunidade de emprego na campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro. Delgatti disse que trabalharia também nas redes sociais da deputada, mas que o serviço foi interrompido após ela perder o acesso às redes sociais.

O hacker também ligou o então presidente Jair Bolsonaro a um suposto grampo do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Segundo ele, em uma conversa intermediada por Zambelli, o ex-governante disse que “eles haviam conseguido um grampo, que era tão esperado à época, do ministro” e “que teria conversas comprometedoras do ministro. Afirmou que o grampo foi realizado por agentes de outro país e pediu “que eu assumisse a autoria desse grampo”. “Se caso alguém te prender, eu mando prender o juiz”, teria dito Bolsonaro na ocasião. “Concordei em assumir porque era uma proposta do presidente da República”, salientou Delgatti.

Preso pela PF em 2 de agosto, Walter Delgatti é alvo de investigação que apura a inserção de dados falsos sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As inserções teriam sido feitas em janeiro deste ano, antes dos atos antidemocráticos. A oitiva do hacker estava prevista para o dia 10 de agosto, mas foi adiada em meio à expectativa por uma delação premiada.

Em depoimentos anteriores à PF, Delgatti afirmou que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), havia pedido que ele invadisse as urnas eletrônicas e contas de e-mail e o telefone do ministro Alexandre de Moraes, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Afirmou ainda – e entregou provas – que teria recebido 40 mil reais da bolsonarista para ‘invadir qualquer sistema do Judiciário’.

“A oitiva do Walter Delgatti Netto, conhecido como ‘Hacker de Araraquara’, poderá auxiliar esta Comissão a esclarecer como a Deputada Carla Zambelli atuou de modo a questionar a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro nas eleições de 2022. O depoimento nos parece fundamental para a investigação dos fatos desta Comissão de Inquérito”, disse a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), autora de um dos seis requerimentos de convocação do hacker.

A senadora lembra que os fatos preparatórios para os atos de 8 de Janeiro merecem atenção durante o processo de investigação, como está no plano de trabalho da CPMI, e que por isso é importante esclarecer as questões sobre as eleições.

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