No seu segundo ano de mandato, Jair Bolsonaro acreditava que quem tomasse vacina contra Covid-19 viraria jacaré. Durante muito tempo, tentou convencer o público a aderir ao seu negacionismo. Deu no que deu.
No seu segundo ano de mandato, Lula acredita que a Venezuela é uma democracia e que Nicolás Maduro conduzirá eleições limpas. Há tempos o petista tenta convencer o público a aderir ao seu negacionismo. O que conseguiu até agora foi obter elogios públicos dos terroristas do Hamas e perder popularidade entre mulheres e evangélicos.
Nesta semana, ele saiu com a seguinte declaração: “Na Venezuela, tá marcada as eleições pro dia 28 de julho. Agora, a pergunta é se a eleição vai ser honesta ou não. Eu espero que as eleições sejam as mais democráticas possíveis”, afirmou Lula.
Foi ignorando a inteligência do eleitorado, diante dos inúmeros escândalos de corrupção com empreiteiras amigas, que o petismo abriu caminho segundo a coluna de Robson Bonin, da Veja, para o surgimento do bolsonarismo. Foi ignorando a inteligência do eleitorado diante de uma gestão caótica e mergulhada no atraso que Bolsonaro devolveu Lula ao poder.
Pela lógica vigente nessa esquina sofrida da América Latina, Lula está fazendo tudo direitinho para levar o bolsonarismo novamente ao Planalto. Basta ver como avançam os bolsonaristas nos postos de poder do Congresso — os petistas preferiram ficar com as comissões com maior volumes de recursos, deixando de lado os colegiados sobre Educação e a CCJ — e como Bolsonaro ainda segue arrastando multidões no interior do país.
Lula e Bolsonaro são figuras diferentes. Bolsonaro é investigado por ter supostamente tramado um golpe de Estado e por ter usado o poder para cometer uma infinidade de abusos. Lula, na versão mais benevolente possível, navegou pelos bons ventos do Mensalão e viu o PT se envolver em desvios bilionários nas estatais para vencer eleições driblando as regras do jogo, isso tudo segundo o que descobriram o Ministério Público e a Polícia Federal.
Ainda que adore seus ditadores ao ponto de se tornar até fiador de Maduro, Lula defende a democracia. Bolsonaro cansou de atacar os poderes e o sistema democrático.
Num país de memória curta, no entanto, o tempo joga a favor do bolsonarismo e contra quem está no poder. Assim como esqueceu dos escândalos petistas, o país poderá ignorar, em 2026, o histórico radical bolsonarista. É só ter um nome moderado na chapa apoiada por Bolsonaro.
Lula não parece estar muito preocupado com isso, diz o colunista.