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quinta-feira 23 de abril de 2020 às 07:03h

Bolsonaro abandona Guedes para evitar terminar como Temer, diz coluna

POLÍTICA


A história do governo de Jair Bolsonaro começou a mudar a partir desta semana. Na crônica política, a última quarta-feira (22) será lembrada, no capítulo econômico, como o dia em que o presidente perdeu a fé no Posto Ipiranga.

Paulo Guedes foi atropelado por Walter Braga Netto. Depois de ouvir o plano do chefe da Casa Civil para colocar o governo no comando de uma espécie de novo PAC, com o orçamento estatal motorizando a economia a partir de grandes obras, Bolsonaro determinou: “Vamos em frente!” Antes de mais nada, fica aqui o registro de que Guedes considera a ideia uma maluquice. Espera mostrar isso ao presidente nos próximos dias, convencendo-o a abandonar a tal solução mágica. É a porta estreita de São Lucas. Não há caminho fácil.

Guedes, que defendia a retomada econômica a partir da força privada, viu o furacão passar sem conseguir se mover.

Segundo a coluna Radar, a reunião ocorrida nesta quarta, no Planalto, mudou a agenda do governo federal e deu novo sentido à pauta econômica. É como se derrubassem as bombas de combustível do posto para instalar no lugar uma loja de material de construção.

“Neste momento de crise, tocar a agenda de retomada do país com o mercado, apostando na iniciativa privada, seria caminhar lento demais para a normalidade. Por isso, o Estado deve ser o tomador de risco nos momentos de grave crise”, explica um auxiliar do presidente.

Da agenda liberal, o país migrará a partir de agora para o que há de mais martelado – e mais perigoso — na tecnologia desenvolvimentista — isso mesmo, caro leitor bolsonarista, aquele bicho feio dos governos do PT.

Com a emergência global do coronavírus justificando medidas drásticas, o governo abrirá, se tudo correr como o plano atual, um período de gastos bilionários e de discursos por menos controles, menos regulação, menos licenciamentos…

“O presidente precisava comunicar ao país que isso estava sendo preparado pelo governo. Daqui para frente, vamos discutir tudo dentro dos ministérios”, disse ao Radar um auxiliar de Bolsonaro. “Será um momento de mexer em marcos regulatórios, um momento de simplificar contratações, licenças, tudo para acelerar a retomada”, complementou.

Bolsonaro topou a empreitada na hora, porque esse discurso fala diretamente ao seu coração político. Bateu na alma. Com a agenda desenganada pela pandemia, acharam uma saída, um discurso diferente para o bolsonarismo tentar variar um pouco a fórmula já cansada do golpe, golpe, golpe…

Cada ministério foi acionado a apresentar uma lista de obras paradas e projetos que poderão fazer parte do plano. A ideia de retomar a construção de eixos de infraestrutura em todas as frentes – rodoviário, ferroviário, aquaviário – voltará com força.

Obras que proporcionem impacto imediato no emprego e renda serão prioridade, mas outros empreendimentos complexos, hoje travados por legislações ou em estudo serão previstos.

O governo diz que fará tudo com mais eficiência, responsabilidade e controle que as gestões petistas. Precisará convencer a audiência de que tocar grandes obras com menos regulação, menos controle e menos licenças resultará em algo melhor que o estrago petista.

Idealizado pela alma política da Esplanada, o plano oferece a Bolsonaro um recomeço no governo que ele mesmo admitiu ter terminado com o estrago histórico da pandemia. Se vai funcionar, é outra história. Guedes, como dito no início do texto, não acredita que vá. A conferir.

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