Dezesseis dias após o fim da eleição, que definiu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) novo presidente, grupos bolsonaristas voltaram a se reunir em frente a quartéis e áreas militares pelo país para protestar contra o resultado. Em maior e menor escala, os atos antidemocráticos são realizados neste feriado em pelo menos oito capitais brasileiras, além do Distrito Federal, e cidades como Vila Velha (ES), Ribeirão Preto (SP), Joinville (SC) e Dourados (MS). As informações são do jornal O Globo.
Nos atos, o verde e amarelo são as cores predominantes, e os bolsonaristas cantam o hino nacional e fazem apelo para que as Forças Armadas “salvem o Brasil”, sob o discurso de que houve fraude nas urnas. A alegação, no entanto, contraria relatórios do Ministério da Defesa, do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Ordem dos Advogados (OAB) que afirmam conforme o jornal, não terem encontrado qualquer indício de fraude nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral.
No Rio de Janeiro, os manifestantes se reúnem desde a manhã desta terça em frente ao Palácio Duque de Caxias, no centro da capital, próximo a Central do Brasil. O local recebe diariamente manifestantes antidemocráticos, no entanto, o feriado levou mais pessoas para a região. A Avenida Presidente Vargas chegou a ficar com o acesso fechado nos dois sentidos no início da tarde.
Em São Paulo, vídeos nas redes sociais mostram os manifestantes concentrados nas proximidades do Quartal General do Exército paulista, próximo ao parque Ibirapuera.
Em Brasília, os bolsonaristas estão concentrados em frente ao Quartel-General do Exército, a cerca de nove quilômetros de distância do Palácio do Planalto. Uma forte chuva no início da tarde dispersou parte do grupo. Ainda na capital federal, além do quartel, grupos saíram pela manhã em motociata. Em grupos de WhatsApp, está prevista uma “oração pela Nação”, com duração de dez minutos.
Bolsonaristas concentrados em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília: chuva dispersou parte dos manifestantes — Foto: AFP
Em cidades como Joinville (SC), caminhões chegaram a realizar uma carreata pela cidade, assim como em Dourados (MS). Em Belo Horizonte, a estrutura chegava a contar com um trio elétrico. Em Recife, carros de som também eram usados nos atos.
Nas redes sociais, bolsonaristas tentam levantar o tema aos assuntos mais comentados. A hashtag #Brasilnasruas chegou a figurar nos trending topics no Twitter. Ainda nas redes, perfis de apoiadores do presidente publicam vídeos das manifestações pelo país. No entanto, foram encontrados conteúdos com imagens das manifestações do último feriado, 2 de novembro, como se fossem de hoje. Outra preocupação entre os participantes é a presença de “infiltrados” para “tumultuar” as concentrações.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou no semana passada que as polícias Civil, Militar e a Rodoviária Federal encaminhem à Corte informações sobre a identificação de todos os veículos que participaram de manifestações em frente aos quartéis das Forças Armadas e de líderes, organizadores ou financiadores dos “atos antidemocráticos”. Após reunião com Moraes, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubo, apontou indícios de “uma grande organização criminosa” por trás dos movimentos antidemocráticos.
— Na nossa visão há uma grande organização criminosa, com funções definidas, tem várias mensagens com números de Pix para que as pessoas possam abastecer financeiramente, e nós temos que definir quem está alimentando. Tudo isso está sendo objeto de investigação para derrubarmos essa organização criminosa — afirmou Sarrubo.
Como é praxe nos últimos atos, os manifestantes evitam fazer alguma associação a Bolsonaro. A falta de referências segue orientação disseminada em canais bolsonaristas, para não relacionar o presidente a pleitos antidemocráticos.