Bolsonaristas apostam em novas comissões para ganhar palco no Congresso

Com poucos cargos em comissões permanentes, parlamentares bolsonaristas buscam conforme
Gabriela Vinhal e Felipe Pereira, do Uol, impulsionar as pautas de direita em novos colegiados, com reuniões recheadas de negacionismo e com temas de oposição às propostas do governo Lula (PT).

O que aconteceu?

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentam conquistar espaço na Câmara e no Senado, já que foram escanteados nas principais comissões. Criam grupos ou subgrupos para trazer holofote para as ideias de direita.

Na Câmara, a medida foi liberada por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa, na barganha pelo apoio à sua reeleição.

Nas últimas semanas, a Câmara instalou uma Subcomissão de Combate à Censura, ligada à Comissão de Comunicação. A primeira reunião foi em 11 de maio e elegeu os bolsonaristas Gustavo Gayer (PL-GO) e Nikolas Ferreira (PL-MG) como presidente e relator, respectivamente.

Gayer emplacou ainda uma audiência sobre a “institucionalização da censura no Brasil” que visava debater o PL das Fake News, apelidado de “PL da Censura” pelos bolsonaristas.

Entre os oradores, havia apenas deputados de oposição. Na lista de convidados, estavam influencers bolsonaristas e condenados, como o blogueiro Allan dos Santos, considerado foragido da Justiça desde outubro de 2021.

Também houve mobilização dos bolsonaristas na Comissão da Previdência Social numa audiência pública para tratar de comunidades terapêuticas —a maioria é ligada a igrejas católicas e evangélicas.

A oposição fez uma força-tarefa para dominar o debate, apesar de o requerimento ter sido apresentado na direção oposta: para discutir o fim dessas comunidades. A autoria era de dois deputados de esquerda: Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP).

Na plateia, pessoas ligadas a igrejas aplaudiam os discursos bolsonaristas, o que serviu para fomentar a estratégia de distribuição nas redes sociais dos congressistas.

Conseguiram a vitrine que queriam, sem muitas críticas, já que a audiência estava esvaziada. Ao mesmo tempo, se votava em plenário a urgência do novo arcabouço fiscal.

O que pode acontecer no Senado

No Senado, bolsonaristas não conseguiram ocupar nenhuma presidência nas comissões permanentes e reclamam da falta de espaço.

Para driblar a baixa visibilidade, reivindicam a criação de comissões. Há em vista três possíveis novos colegiados: Esporte, Minas e Energia e Saúde. Damares Alves (Republicanos-DF) também tenta emplacar uma Comissão de Proteção à Criança e Adolescente.

Por enquanto, não avançaram as propostas. Mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem discutido a possibilidade com aliados nas reuniões de líderes.