Segundo Bernardo Mello Franco, do O Globo, o bolsonarismo viveu sua pior semana desde a derrota para Lula na corrida presidencial. Na quarta-feira, o capitão foi dormir com o fracasso de Rogério Marinho na eleição do Senado. Na quinta, acordou com as acusações do senador Marcos do Val e a prisão do ex-deputado Daniel Silveira.
A extrema direita queria capturar o Senado para emparedar o governo e torpedear o Judiciário. Pelo roteiro, Marinho abriria um processo de impeachment contra Alexandre de Moraes. Seria o fim do pacto entre os Poderes em defesa da democracia, selado após a intentona fascista do 8 de janeiro.
Minutos antes da votação, Michelle Bolsonaro despontou no tapete azul e irrompeu no plenário do Senado. Esperava festejar uma zebra, mas testemunhou a reeleição do favorito, Rodrigo Pacheco.
O fiasco de Marinho ajudará a isolar a extrema direita no Congresso. Num ato falho, a estreante Damares Alves se referiu ao ex-presidente como uma figura do passado. “Não vou deixar o Brasil esquecer por um minuto quem foi Jair Bolsonaro”, disse. A solidão da pastora, evitada pelos novos colegas, sugere que ela pode ser esquecida antes do chefe.
A língua solta de Marcos do Val criou outro problema para o capitão. O senador ligou o ex-presidente a uma operação clandestina para gravar um ministro do Supremo e tentar impedir a posse de Lula.
Do Val é um dos personagens exóticos que surfaram a onda da antipolítica em 2018. Falastrão, apresenta-se como instrutor da Swat, da Nasa e do FBI. Seu relato parece amalucado até para os padrões bolsonaristas, mas convém não menosprezar o potencial da turma.
O terceiro elemento da trama é outro aloprado. Indultado pelo capitão, Silveira debochou da Justiça e desrespeitou as medidas cautelares impostas pelo Supremo. O brucutu perdeu o foro privilegiado no dia 1º. Na manhã seguinte, despertou com a visita do camburão da PF.