A Boeing está instruindo as companhias aéreas de todo o mundo, a inspecionar os interruptores nos assentos dos pilotos em seus jatos 787 Dreamliner, após uma reportagem afirmar que um movimento acidental do assento da cabine provavelmente causou a perda súbita de altitude de um avião da Latam que voava entre a Austrália e a Nova Zelândia na última segunda-feira (11).
A empresa afirmou na sexta-feira (15) que recomendou que as companhias aéreas inspecionem os assentos motorizados da cabine na próxima vez que realizarem manutenção em suas aeronaves 787. A fabricante apontou instruções que incluem como desativar os motores que movem os assentos.
A Boeing descreveu sua recomendação como uma “medida de precaução”. A empresa não vinculou o memorando ao que aconteceu esta semana no voo da Latam.
A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês) disse, no entanto, que o memorando da Boeing foi emitido “em resposta ao incidente no voo 800 da Latam”. A FAA disse que estava convocando um painel de especialistas para revisar a mensagem da Boeing às companhias aéreas.
A Latam, com sede no Chile, disse inicialmente que houve “um evento técnico durante o voo, que causou uma forte movimentação” da aeronave. Em atualização na terça-feira (12) a companhia aérea disse que o avião “sofreu um forte tremor durante o voo, cuja causa está atualmente sob investigação”.
Os passageiros relataram que quando o avião mergulhou sem aviso e pessoas que não usavam cintos de segurança foram atiradas de seus assentos para o teto e corredores da cabine. O avião pousou posteriormente no aeroporto de Auckland conforme programado. Cerca de 50 pessoas ficaram feridas, segundo equipes de emergência em Auckland.
O 787 é um avião de dois corredores que estreou em 2011 e é usado principalmente para voos internacionais longos. A versão envolvida no voo da Latam pode transportar até cerca de 300 passageiros.
A United Airlines, com 71 Dreamliners, e a American Airlines com 59, estão entre os principais usuários do avião. A American disse que as instruções da Boeing não teriam impacto em suas operações. A United se recusou a comentar.
O Wall Street Journal informou na noite de quinta-feira, 14, que um comissário de bordo servindo uma refeição na cabine esbarrou em um interruptor na parte de trás do assento, que empurrou o piloto para os controles do 787, colocando o nariz do avião para baixo. O jornal citou autoridades anônimas da indústria norte-americana que foram informadas sobre as descobertas preliminares da investigação.
O veículo disse que a Boeing recomendou que as companhias aéreas verificassem se os interruptores estavam bem cobertos – eles não deveriam ser usados durante os voos – e as informou como desligar a energia do motor do assento.
O órgão regulador da aviação do Chile enviou investigadores para a Nova Zelândia e, sob acordos internacionais, irá liderar a investigação. Ainda não foi divulgada nenhuma descoberta.
O incidente pode aumentar o escrutínio da Boeing, que já está em alto nível desde que um plugue de porta de um 737 Max da Alaska Airlines se soltou em pleno voo em janeiro, sobre o estado do Oregon, nos Estados Unidos. A FAA, o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes e o Departamento de Justiça dos EUA estão conduzindo investigações separadas relacionadas ao episódio e à fabricação de jatos Max pela Boeing.