Bode na sala: congresso recebe PEC da transição

Piada velha, desgastada e perigosa, diz o colunista Edson Rossi, da revista IstoÉ.

A tese é simples: num ambiente repleto de problemas, coloque um bode no meio da sala. Todos vão parar de discutir até que o animal seja retirado. Pronto. Ninguém mais notará que havia problemas antes do bode. De certa forma, essa é a PEC entregue na quarta-feira (16) por Geraldo Alckmin, coordenador-geral do time de transição, ao Congresso. O vice-presidente eleito foi recebido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e pelo relator do Orçamento 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI). A questão mais decisiva é como manter o auxílio às famílias na casa dos R$ 600. O texto proposto retira de forma permanente do Teto de Gastos as despesas de R$ 175 bilhões com o novo Bolsa Família. O senador Castro disse que assim será. Mas parte do novo Congresso quer que a medida tenha validade apenas para 2023. Existe então a chance de se chegar a um meio termo e fechar a furada do Teto de Gastos por quatro anos. A pedalada (ops) estratégia fiscal tem cheiro de cheque em branco. O dólar subiu 1,52% e o Ibovespa caiu 2,58% na quarta-feira (16). Henrique Meirelles trouxe sabedoria à encrenca: para ele, o Brasil precisa sim aprovar uma espécie de licença para acomodar as despesas de 2023, “mas é preciso ter um teto, um limite”, para evitar flertar com crises graves.