O clérigo de maior escalão da Igreja da Inglaterra, Justin Welby, criticou nesta quarta-feira (10) os controversos planos do governo britânico de enviar solicitantes de asilo a Ruanda, um país africano a 6.500 quilômetros de Londres, chamando-os de “moralmente inaceitáveis”.
Na qualidade de legislador da Câmara dos Lordes, a câmara alta do Parlamento britânico que examina as propostas legislativas, o bispo de Canterbury instou o governo conservador de Rishi Sunak a recuar.
Se aprovado, seu projeto de lei tornaria ilegais os pedidos de asilo para todas as chegadas irregulares pelo Canal da Mancha e outras rotas “ilegais” e os transferiria para terceiros países “seguros”, como Ruanda.
Foi elaborado em resposta ao crescente número de chegadas de migrantes por via marítima, mas atraiu fortes críticas de várias organizações internacionais, defensores dos refugiados e partidos da oposição britânica.
Este texto “corre o risco de prejudicar seriamente os interesses e a reputação do Reino Unido dentro e fora do país, por não mencionar os interesses daqueles que precisam de proteção ou das nações que enfrentam esse desafio juntas”, acrescentou.
“Peço ao governo que reconsidere grande parte do projeto de lei, que fica aquém de nossa história, da nossa responsabilidade moral e de nossos interesses políticos e internacionais”, acrescentou Welby.
Sunak prometeu acabar com a chegada de dezenas de milhares de migrantes por uma das rotas marítimas mais movimentadas e perigosas do mundo a partir da costa do norte da França.
Mais de 45.000 chegaram no ano passado, dando continuidade a uma tendência que não para de crescer desde 2018.