Um livro escrito à mão, há mais de mil anos, vai à leilão com potencial de ser arrematado por R$ 261 milhões (US$ 50 milhões). O exemplar em questão se trata da bíblia hebraica mais antiga do mundo, pertencente ao investidor e colecionador Jacqui Safra, sobrinho de Joseph Safra. O leilão ocorrerá na Sotheby’s, de Manhattan, em Nova York (EUA).
Conforme reportagem do New York Times, um escriba na região que hoje compreende Israel e Síria copiou em 400 grandes folhas de pergaminho o texto completo da bíblia hebraica. O livro circulou ao longo de séculos e chegou a ficar perdido por quase 600 anos.
A última localização conhecida desta versão rara da bíblia, antes que fosse encontrada em 1929, era uma sinagoga no nordeste da Síria, destruída entre os séculos 13 e 14. Desde que foi achado, o livro integrou diversas coleções particulares.
“É eletrizante”, disse Sharon Liberman Mintz, consultora-sênior de itens judaicos da casa de leilões, folheava as páginas do livro na semana passada. “Isso representa a primeira vez que o texto aparece na forma em que podemos realmente lê-lo e entendê-lo”, acrescentou ao NYT.
Caso atinja os US$ 50 milhões estimados pela casa de leilão, a peça pode se tornar o documento histórico mais caro já vendido.
Esse é o exemplo mais antigo de um códice quase completo, contendo todos os 24 livros da bíblia hebraica. Segundo o NYT, faltam cerca de cinco folhas, incluindo os 10 primeiros capítulos do Gênesis. O livro que mede cerca de 12 por 14 polegadas e está em uma encadernação de couro marrom do início do século 20. Gravado na lombada está o número 1053, seu número de catálogo na coleção de David Solomon Sassoon, o colecionador e estudioso britânico que o comprou em 1929.
Hoje, duas outras bíblias hebraicas quase completas desse período sobreviveram. O Aleppo Codex, mantido no Museu de Israel, foi criado por volta de 930. Faltam quase dois quintos de suas páginas, incluindo a maior parte do Pentateuco. O Códice de Leningrado, mantido na Biblioteca Nacional da Rússia, em São Petersburgo, está totalmente completo, mas data de cerca de 1008.
O preço estimado foi decidido por um comitê que começou a discuti-lo há dois anos. A definição do valor levou em conta dois outros recordes de livro mais caro já vendido. O primeiro foi o Codex Leicester, um manuscrito de Leonardo da Vinci comprado por Bill Gates, em 1994, por US$ 30,8 milhões. O segundo trata-se da primeira impressão da Constituição dos EUA, comprada pelo investidor Ken Griffin por US$ 43,2 milhões em novembro de 2021.