Depois de travar os juros do cheque especial em 8% ao mês (o equivalente a 150% ao ano), a equipe econômica mira agora as operações com cartão de crédito. Uma das distorções apontadas pelo Banco Central (BC) – e que o governo quer atacar – é a possibilidade de parcelar as compras no cartão de crédito sem juros. Segundo apurou o Estado, uma das medidas em análise é restringir o parcelamento nesse tipo de operação.
Na prática, o parcelamento sem juros acaba funcionando como uma forma de crédito. “Alguém paga essa conta”, disse ao Estado uma fonte da equipe econômica que acompanha os estudos para um novo desenho para o produto.
O governo já fez mudanças na regulação do cartão, mas não está satisfeito com os juros cobrados nessa linha de crédito, que chegaram a 317,22% ao ano em outubro passado, de acordo com dados do Banco Central.
A alteração das regras, no entanto, deve demorar um pouco mais pela “complexidade” de funcionamento desse tipo de meio de pagamento. Para vender parcelado aos seus clientes sem juros, os lojistas pagam uma taxa mais alta para o emissor do cartão. O emissor garante esse pagamento, mesmo se o cliente não quitar a fatura. Quanto maior o prazo, maior o risco do emissor – que depois é transferido para a taxa de juros. Em 2018, os lojistas concederam R$ 400 bilhões em crédito parcelado sem juros.
O governo fez no ano passado uma intervenção na regulação do mercado de cartões, mas os resultados desagradaram. Após cair com o anúncio das mudanças pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em abril do ano passado, os juros do rotativo do cartão voltaram a subir. As informações são do Estadão.