Parlamentares da base governista que integram a CPI do 8 de janeiro veem clima conforme a colunista Mônica Bergamo da Folha, para pautar, nesta semana, um requerimento para ter acesso às transações bancárias feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
As informações seriam requisitadas ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão de combate à lavagem de dinheiro que tem produzido Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) sempre que provocado pela comissão. Um desses documentos mostrou, por exemplo, que Bolsonaro havia recebido R$ 17 milhões em doações via Pix.
A base de Lula (PT) na CPI já havia tentado pautar o acesso às informações bancárias, mas não teve sucesso. Dessa vez, há uma expectativa maior de que o presidente da comissão, o deputado baiano Arthur Maia (União Brasil), aceite levar o requerimento para votação na comissão, composta majoritariamente por governistas.
“Acho que já se tem elementos suficientes para quebrar o sigilo do dois”, afirma o deputado Rogério Correia (PT-MG), principal articulador do pedido.
“O presidente disse, na época, que não havia fatos suficientes que levassem à votação desse requerimento e que ele não colocaria na pauta, mas que não se negava diante de outros fatos que ocorressem”, acrescenta.
O petista afirma que a medida é válida mesmo após a Polícia Federal pedir a quebra de sigilos fiscal e bancário do ex-presidente e da ex-primeira-dama, no âmbito de inquérito que apura supostos desvios de presentes de alto valor oferecidos por autoridades estrangeiras a Bolsonaro. “A CPMI pode ajudar na investigação”, diz Correia.
A ideia da base governista é pautar o requerimento na próxima terça-feira (15). Na ocasião, também será proposta para apreciação uma solicitação de retenção dos passaportes de Bolsonaro e Michelle, a pedido de Correia e da deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ).