O bilionário da soja Eraí Maggi Scheffer, um dos principais nomes do agronegócio brasileiro, está sendo processado na Justiça do Mato Grosso segundo a coluna de Guilherme Amado, do portal Metrópoles, por um filho que teve fora do casamento, em 1990, com uma das cozinheiras das fazendas de sua família. Eraí, que por anos foi chamado de Rei da Soja, reconheceu a paternidade de Renato Cardoso Lima Scheffer em outubro de 2020, após um teste de DNA comprovar o laço familiar. Mas Renato, agora, decidiu mover o processo contra o pai por desconfiar que ele está antecipando em vida a herança para os três filhos que teve com Marilene Trento Scheffer, sua companheira há décadas. Procurado, Eraí negou que tenha cometido qualquer irregularidade.
Renato acionou a Justiça no início de dezembro. A ação cobra uma perícia contábil, econômica e financeira para expor a evolução patrimonial de Eraí e dos outros requeridos. Se for autorizada, a produção de provas solicitada pelos advogados de Renato fará uma devassa na contabilidade dos últimos 35 anos do Grupo Bom Futuro, conglomerado empresarial que Eraí fundou com os irmãos Fernando e Elusmar Maggi Scheffer para administrar o cultivo de quase 600 mil hectares de soja e algodão e a criação de 130 mil cabeças de gado.
O processo
Figuram no polo passivo do processo, além de Eraí e do Grupo Bom Futuro, a mulher do agropecuarista, Marilene, os filhos Kleverson, Kleidimara e Antonio, e a holding EMK2A, que administra o patrimônio da família. A Bom Futuro tem o capital social avaliado em R$ 1,5 bilhão, enquanto a EMK2A tem capital social de R$ 1,2 bilhão.
No processo, Renato conta que Eraí sempre soube que o caso extraconjugal com uma de suas cozinheiras tinha resultado no nascimento de um filho. A relação ocorreu em 1989, quando Eraí tinha 30 anos e a mãe de Renato estava com 18. O empresário já era pai de Kleverson, Kleidimara e Antonio, nascidos em 1983, 1985 e 1987, respectivamente.
Renato nasceria em agosto de 1990. Hoje, está com 33 anos e disse ter feito um teste de DNA quando tinha entre 5 e 7 anos, o que, segundo ele conta no processo, não levou Eraí a reconhecer a paternidade. Desde então, porém, também de acordo com Renato, ele recebeu ajudas financeiras de representantes legais do agropecuarista.
Renato trabalha como motorista em Nova Olímpia, cidade mato-grossense de 16 mil habitantes e que está a 204 quilômetros de Cuiabá. Ele alegou no processo que foi abandonado e não teve nenhum contato com o pai ao longo da vida. “No caso dos autos, revela-se a triste história que expõe não apenas o abandono, mas a clara indiferença, desprezo, menosprezo, de um pai para com seu filho; de irmãos para com outro irmão”, afirmam os advogados de Renato na ação. O reconhecimento da paternidade ocorreu no dia 8 de outubro de 2020, a pedido de Renato. O empresário mandou em seu lugar um procurador assinar o documento que reconhecia o filho. Com o acordo, Renato passou a usar o sobrenome Scheffer, como os demais filhos de Eraí, e recebeu R$ 250 mil para comprar um imóvel, fora uma pensão mensal de R$ 12.500, válida por cinco anos, registra Guilherme Amado.