A venda da fatia de 50,1% da Braskem poderá ser assumida pelos bancos credores da Odebrecht, agora Novonor, caso não haja clareza de que o processo caminha para ser concretizado até o fim deste ano. Isso levaria Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o balcão de vendas.
Segundo informações do jornal Estadão, embora já existam propostas na mesa, o cronograma para o negócio pode sofrer ajustes. Um dos motivos seria a indecisão sobre a venda da Braskem fatiada, para mais de um comprador, ou inteira. A Novonor prefere a venda a um único comprador. Se o Morgan Stanley, encarregado pelo grupo de encontrar um comprador, apresentar aos bancos uma negociação amarrada, a Novonor receberá mais 12 meses de prazo para concluir a operação, conforme prevê a recuperação judicial feita com a Odebrecht.
Hoje, a Braskem tem valor de mercado de cerca de R$ 50 bilhões. O cheque que o comprador teria em mãos varia de R$ 19,2 bilhões (equivalente à fatia da Nonovor) a R$ 50 bilhões, caso os acionistas minoritários exijam a mesma oferta. Uma conta difícil de atender. Com mais da metade dos resultados da Braskem proveniente do Brasil, aumenta o peso do risco, por conta do momento político e econômico do País. Um representante do lado dos compradores classifica como “não trivial” essa exposição, em função da quantia que entrará no País e da incerteza do cenário.
Os bons resultados da Braskem, por incrível que pareça, dificulta a venda. A geração de caixa, que no primeiro semestre de 2020 foi de R$ 2,8 bilhões, passou para R$ 16,3 bilhões este ano. Os candidatos à compra sabem que os números são excepcionais – no sentido de que dificilmente irão se repetir -, por conta de uma série de fatores. Entre eles, condições climáticas no Texas que prejudicaram a produção em 2020, bem como a pandemia. A expectativa é que o preço das ações não se sustente por muito tempo na Bolsa – e o valor da empresa caia.
Sem ter clareza dos rumos da Novonor na Braskem, a Petrobras também teria dificuldades para tomar sua decisão de saída. A estatal, que contratou o JP Morgan para estudar a melhor alternativa, não consegue sequer se posicionar com relação a uma venda via Bolsa, como foi feita com a BR Distribuidora.