A bancada do Podemos no Senado, formada por nove senadores, defendeu nesta segunda-feira (1º) o afastamento imediato do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) da Presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O pedido é feito com base na reportagem de VEJA na qual seis ex-assessoras acusam o parlamentar de embolsar parte do salário delas e benefícios como auxílio-alimentação e gratificações. A cobrança de rachadinha de Alcolumbre rendeu pelo menos 2 milhões de reais ao senador.
As ex-assessoras eram contratadas para não trabalhar. Elas eram orientadas a ceder seus nomes e dados bancários para que funcionários do gabinete recolhessem mensalmente de suas contas os valores a serem destinados ilegalmente ao parlamentar. Algumas delas chegavam a ganhar, na folha de pagamento, salários de até 14.000 reais, mas só recebiam de fato entre 800 e 1.350 reais – o restante ficava com Alcolumbre.
“A medida tem dois propósitos: permitir ao senador se defender de maneira plena e, ao mesmo tempo, não prejudicar o regular andamento dos trabalhos da mais importante comissão da Casa”, diz nota assinada pelos senadores Alvaro Dias (PR), Eduardo Girão (CE), Flavio Arns (PR), Jorge Kajuru (GO), Lasier Martins (RS), Marcos do Val (ES), Oriovisto Guimarães (PR), Reguffe (DF) e Styvenson Valentim (RN). Ex-presidente do Senado, o senador amapaense comanda a comissão responsável, entre outros temas, por sabatinar autoridades indicadas pelo presidente Jair Bolsonaro. Uma delas, que aguarda há mais de três meses um sinal verde da CCJ, é o ex-ministro da Justiça André Mendonça, escolhido pelo chefe do Executivo para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
“As denúncias, que já são objeto de notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal, devem também ser investigadas pelo Conselho de Ética do Senado Federal, colegiado cuja composição atual está com mandato vencido e cuja eleição dos novos membros está pendente”, completa o partido.