A Chapada Diamantina junta-se ao Sertão do São Francisco e promete tornar a Bahia um dos melhores destinos enoturísticos do país. Com inspiração na região de Champagne, na França, as vinícolas UVVA e VAZ despontam na região diamantina com terroir e sofisticação peculiares. No Vale do São Francisco, a já consagrada Miolo mantém a vinícola Terranova, responsável pela produção de espumantes do grupo, e há também a acolhedora GrandValle. Para amplificar este cenário, explica o vice-governador João Leão (PP), secretário do Planejamento, um projeto do Governo do Estado pretende ainda expandir a produção vitivinícola para o território do Velho Chico, onde 14 produtores catarinenses devem investir no Polo Agroindustrial e Bionergético do Médio São Francisco para produzir vinhos no município de Barra, constituindo um novo polo viticultor.
“A Bahia é um estado forte no potencial frutífero. Uma terra abençoada, onde tudo que se planta dá. Hoje temos a produção de uvas e vinhos, inclusive premiados, em dois territórios de identidade e estamos investindo agora na região do Médio São Francisco. A Bahia tem um território seis vezes maior que Portugal e, pasmem, enquanto os portugueses possuem 14 grandes regiões vinícolas, com 199 mil hectares de vinhas, nosso estado tem apenas quatro grandes vinícolas. Queremos em breve mudar este cenário. Em março, estamos organizando uma missão para trazer produtores de Portugal e da França para conhecer o potencial da região. Essa visita é fruto da missão internacional que fizemos, em outubro do ano passado, na Europa”, declara João Leão.
Vinícolas baianas
Em um cenário paradisíaco da Chapada Diamantina, a vinícola Uvva promete aos amantes do vinho requinte e sofisticação. São 52 ha de vinhedo plantado em Mucugê. O projeto é concebido para 400 mil garrafas por ano, entre vinhos tintos de guarda, brancos e espumantes. O projeto é concebido para trabalhar enoturismo agregado com ecoturismo que já existe na região. A vinícola tem previsão de começar a operar este ano.
No município de Morro do Chapéu, também na Chapada, a vinícola VAZ produziu os primeiros vinhos em 2018. Foram 1,2 mil garrafas de Malbec, Syrah, Sauvignon Blanc e Viognier. Em 2019, a produção saltou para 10 mil garrafas de espumantes Brut Charmat, Brut Rosé, Moscatel, vinhos tintos Malbec e Syrah. Já em 2020, ganhou a 9ª edição da Grande Prova Vinhos do Brasil e a 4ª edição da Grande Prova Sucos de Uva do Brasil, na categoria de vinhos Tinto Malbec e nos rótulos de espumantes – Brut Branco Charmat e Brut Rosé Charmat.
A vinícola Terranova, no município de Casa Nova, produz 2,5 milhões de garrafas de espumante por ano, que representa 85% da produção do grupo Miolo, maior exportadora de vinhos do Brasil. O grupo é produtor do vinho Testardi Syrah 2010, vencedor na categoria “tinto nacional” do concurso Top Tem, maior evento de vinhos da América Latina.
A GrandValle, que fica no mesmo município, está no Vale do São Francisco há 32 anos e possui 700 hectares de fazenda. Seu Vinho de mesa é elaborado com uva americana, na versão seca e suave. O suco de uva é 100% natural, sem adição de açúcar, água ou conservantes.
Produção de uvas na Chapada
A história das uvas na Chapada Diamantina começou a ser escrita em 2009, quando foi implantada, com apoio da Embrapa e do Governo do Estado, a iniciativa com a cooperação técnica da Cave Coopérative Des Riceys, da região de Champagne, na França, presidida por Christian Jojot, para alcançar o topo na escala da qualidade.
O Projeto de “Avaliação Técnica e Econômica de Videiras Viníferas e de Culturas de Clima Temperado em Morro do Chapéu” cumpriu a promessa feita de que em 2022 seria possível ter em casa vinhos de alta qualidade feitos com uvas colhidas no município. Na época, foram plantadas 10 variedades de uvas da França, através de um importador de Minas Gerais e apoio da Embrapa.
Sete anos depois, o projeto implantado em Morro do Chapéu começou a ser replicado no município de Mucugê, em uma área de 30 mil ha, mesmo tamanho da área plantada na região de Champagne, na França.
Polo Viticultor
O cronograma para a implantação do Polo Viticultor, que irá integrar o Polo Agroindustrial e Bioenergético do Médio São Francisco, no município de Barra, está avançando com os 14 investidores de Santa Catarina, produtores de uvas. De acordo com a Secretaria do Planejamento (Seplan), estima-se que na fase inicial do projeto serão gerados entre 500 e 1 mil empregos diretos e indiretos. Na fase final, deve chegar a 2 mil empregos. Os investidores catarinenses irão montar em Barra uma cooperativa específica para a iniciativa, que inicialmente se dedicará ao plantio de uva e posteriormente a agroindústria, para produção de vinho, suco de uva integral e uva de mesa.
A região vai ganhar ainda um projeto experimental de uva, dentro da Fazenda Escola Modelo. Já foram plantados os porta enxertos com matrizes que serão produzidas em 10 hectares (ha), com variedades de uvas tintas: Cabernet Sauvignon, Malbec, Syrah, Merlot e brancas: Sauvignon Blanc, Vignier, Moscatel e Chenin Blanc. A intenção é que as mudas extraídas sejam distribuídas para pequenos produtores da região.