Nem todo jogo que entra para a história de um time, uma rivalidade ou do futebol promete ser histórico antes mesmo da bola rolar – mas esse foi o caso do clássico deste sábado (1º), o tão esperado Ba-Vi 500. Centésimo Bahia e Vitória do século, primeiro do ano e o número 500 desde o duelo inicial em 1932, o confronto recebeu as duas equipes invictas na temporada e uma Fonte Nova recheada, mas decepcionou em entregar a emoção que prometia.
Se uma palavra marcou o clássico, foi rivalidade. Em uma partida picotada, se falou mais em brigas do que em lances de destaque, testemunhando inúmeros empurra-empurra dos jogadores em campo. Quando eram feitas, a grande maioria das jogadas pertencia ao Bahia, que dominou a partida em posse de bola e ofensiva. O Leão, por outro lado, teve Lucas Arcanjo como seu anjo da guarda, compensando um jogo contido que atuava somente do meio campo para a defesa com bolas agarradas na cara do gol.
Entre muitas reclamações com a arbitragem que não marcou as demoras rubro-negras em campo, a torcida do Bahia não se satisfez com o placar sem gols, mas carregou o nome do time que mais atuou em campo, destacando o papel essencial de Caio Alexandre na linha. Para o Leão, fica a segurança do primeiro lugar na tabela, e a gratidão ao goleiro que garantiu que o Ba-Vi 500 não se tornasse um marco da história tricolor.
O jogo
O Ba-Vi 500 prometia, acima de tudo, rivalidade, e mostrou a que veio sem demora alguma. Com menos de dez minutos de jogo, a partida já havia sido paralisada duas vezes por confusões em campo, que de disputas de bola chegaram a um empurra-empurra acalorado entre os jogadores.
De início, um desentendimento entre Caio Alexandre e Janderson deu o tom das discussões, continuadas menos de um minuto depois com uma falta marcada pelo árbitro e desobedecida por Gustavo Mosquito, que chutou a gol e recebeu a retaliação imediata de Jean Lucas. Entre brigas e cartões amarelos, o início do clássico foi marcado por uma superioridade clara do Bahia, especialmente na posse de bola, firmemente dominada pela equipe mandante.
Deixando a defesa tricolor livre de ataques ofensivos, a marcação do Leão só aparecia a partir do meio-campo, sem criar lances como os adversários. A única chance criada veio dos pés de Fabri, finalizando para fora do gol de Danilo Fernandes. A esperança do rubro-negro no começo pegado era a chance de contra-ataque, sem avançar nem facilitar o trabalho da transição defensiva do Bahia. O destaque do Vitória foi, sem dúvidas, Lucas Arcanjo, que contrariou as estatísticas favoráveis a gols do adversário e segurou uma finalização bem trabalhadas de Lucho Rodríguez na cara do gol.
A partida seguiu picotada até o intervalo, com mais embates do que lances marcantes. Quase toda jogada envolvia choque físico, incluindo até mesmo reclamações de pênalti do Bahia em uma bola tirada de Ademir por Wagner Leonardo com empurrão, não atendidas pelo árbitro. Já nos acréscimos, mais uma briga entre Ademir e Baralhas, finalizando um primeiro tempo em que o Vitória pouco pegou na bola, e o Bahia dominou, especialmente pela lateral direita, mas não aproveitou a posse para converter em placar.
O intervalo não esfriou absolutamente nada, e devolveu ambas as equipes para mais brigas. Bola já paralisada com um minuto de jogo e aos cinco do primeiro tempo, sempre com empurra-empurra dos jogadores após qualquer lance apertado. O Leão da Barra voltou a campo um pouco mais aceso, começando a criar jogadas ofensivas e saindo da defesa, mas sem apresentar ameaça. Em uma segunda etapa taticamente mais equilibrada, se sobressaíram as reclamações tricolores de faltas não marcadas pela arbitragem.
Outro padrão que se seguiu para a segunda etapa foi o protagonismo de Lucas Arcanjo, maior obstáculo para o triunfo do Bahia. Em mais lances, o goleiro do Vitória salvou o time em campo, defendendo bolas como a de Erick Pulga cara a cara com o gol, além de “ganhar tempo” inúmeras vezes com demoras significativas para acalmar jogadas adversárias. Do lado tricolor, um dos principais destaques é Caio Alexandre, participante de quase todas as principais bolas criadas na disputa.
O último grande lance ficou por conta de um quase gol contra de Hugo. Vinda de uma falta cobrada por Juba, a bola foi cabeceada por Kanu e desviada por pouco pelo jogador rubro-negro, reafirmando o foco na defesa do Vitória ao longo de todo o jogo.
Ficha técnica
Bahia 0 x 0 Vitória – 6ª rodada do Campeonato Baiano
Bahia: Danilo Fernandes; Gilberto, Kanu, Santiago Mingo e Luciano Juba; Caio Alexandre (Acevedo) e Jean Lucas (Erick); Everton Ribeiro (Rodrigo Nestor), Cauly (Erick Pulga), Ademir (Everaldo) e Luciano Rodríguez. Técnico: Rogério Ceni.
Vitória: Lucas Arcanjo; Raúl Cáceres (Claudinho), Neris, Wagner Leonardo e Hugo; Baralhas (Willian Oliveira) e Ronald Lopes; Wellington Rato (Carlos Eduardo), Fabrício, Gustavo Mosquito (Matheuzinho) e Janderson (Osvaldo). Técnico: Thiago Carpini.
Local: Casa de Apostas Arena Fonte Nova
Cartões amarelos: Jean Lucas, Rodrigo Nestor (Bahia), Gustavo Mosquito e Janderson (Vitória)
Arbitragem: Bruno Pereira Vasconcelos, auxiliado por Alessandro Alvaro Rocha de Matos e Daniella Coutinho Pinto. O quarto árbitro é Bruno Nogueira Prado.