Augusto Aras finaliza seu mandato como procurador-geral da República em 26 de setembro, mas não termina o cargo sem tentativas de ser reconduzido.
Ainda em agosto deste ano, a PGR pediu à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) todos os relatórios produzidos durante a pandemia enviados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – o que, segundo Aras, configuraria “fato novo” para reavaliar a conduta de Bolsonaro.Em um recente encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Aras teria presenteado o atual presidente com o primeiro exemplar de seu livro sobre as ações do Ministério Público durante a pandemia.
Segundo Bela Megale, colunista do jornal O Globo e comentarista na rádio CBN, o presente de Aras teria gerado “certo constrangimento” entre integrantes do governo.A atuação de Aras durante a pandemia seria “um dos principais problemas que inviabiliza a recondução para o cargo”, destaca Megale.
Em entrevista a Natuza Nery, a comentarista cita exemplos de quando Aras se aliou aos interesses de Bolsonaro em sua atuação como procurador-geral da República:
- ao se posicionar sobre o caso das ‘rachadinhas’ envolvendo Flávio Bolsonaro: Aras pediu a Toffoli a revogação de ordem dada ao BC para entregar informações fiscais de 600 mil – um episódio “de largada” em que Aras mostra a que veio, diz Bela;
- e ao defender que Sergio Moro fosse investigado após o ex-juiz romper com o governo Bolsonaro e denunciar as tentativas de interferência na PF.
A colunista Bela Megale relembra ainda o início da relação entre Aras e Bolsonaro. E destaca que, antes do ex-presidente, Aras nunca havia conseguido se “cacifar” para a Procuradoria-Geral da República.
“Ele se aproxima de Bolsonaro quando ele anuncia no meio da campanha que ele não pretendia seguir a lista tríplice”, destaca. “Aras tinha a percepção muito clara de que precisava existir um expoente do MP que fosse um expoente contrário a Operação Lava Jato.”