O procurador-geral da República, o baiano Augusto Aras sofreu derrota em eleição interna realizada nesta terça-feira (23) para duas cadeiras do conselho superior do Ministério Público Federal, órgão máximo de deliberação de assuntos da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do MPF. Dois opositores internos de Aras, os subprocuradores-gerais da República Mario Bonsaglia e Nicolao Dino, foram eleitos com 645 e 608 votos, respectivamente, para uma cadeira no conselho.
Segundo o jornal O Globo, Aras apoiava os subprocuradores-gerais da República Carlos Frederico Santos e Maria Iraneide Facchini, que obtiveram 190 e 121 votos, respectivamente.
Bonsaglia havia sido o primeiro colocado na lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) realizada no ano passado e enviada para o presidente Jair Bolsonaro se basear na escolha do novo PGR, mas Bolsonaro decidiu escolher um nome fora da lista e indicou Aras para o cargo. Bonsaglia ocupa a cadeira que era de Nívio de Freitas. Dino já ocupava uma cadeira no conselho superior e foi reeleito –ele era próximo do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, de quem Aras era opositor.
Participam da eleição procuradores da República de todo o país. O resultado, na avaliação de integrantes da PGR, expressa uma insatisfação interna da categoria com o procurador-geral da República. No mês passado, a categoria chegou a fazer um abaixo-assinado contra a gestão de Aras que teve a assinatura de ao menos 590 procuradores.
O conselho superior é um órgão colegiado, formado por dez subprocuradores, que decide assuntos da gestão do Ministério Público Federal. Na prática, o órgao consegue frear iniciativas do procurador-geral que afetem a gestao do órgão, mas não tem inteferência sobre investigações em andamento.