Integrantes do alto escalão do governo Lula avaliam conforme a colunista Bela Megale, que um tema tem potencial de ressuscitar a chance de Augusto Aras ser reconduzido ao cargo de procurador-geral da República: o fator Tacla Duran.
Na semana, o ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) as acusações feitas pelo advogado Rodrigo Tacla Duran contra o senador Sergio Moro (União-PR) e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR). Agora, caberá a Aras se manifestar a favor ou contra à investigação do caso que mira os dois expoentes da operação Lava-Jato.
Na semana passada, ao prestar depoimento ao novo responsável pela 13ª Vara Federal de Curitiba, o juiz Eduardo Appio, Tacla Duran afirmou ter sido vítima de um suposto esquema de extorsão envolvendo Moro e mencionou o ex-procurador Deltan Dallagnol.
Para integrantes do governo, qualquer ação de Aras que ajude a desgastar Moro pode cacifá-lo para sua recondução à chefia da PGR. O procurador-geral da República tem atuado, nos bastidores, para permanecer no posto, mas enfrenta forte resistência, especialmente no PT, pela postura leniente que adotou em relação às investigações solicitadas contra Jair Bolsonaro. Em paralelo, Aras também tenta emplacar o nome de um aliado para sucedê-lo, caso ele próprio não siga no cargo.
Em 2020, quando Sergio Moro pediu demissão do cargo de ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Aras, já como procurador-geral da República, retomou a negociação de um acordo de delação de Tacla Duran que mirava o ex-juiz da Lava-Jato. A iniciativa, revelada pelo jornal O Globo, não prosperou.
Tacla Duran foi operador financeiro da área de pagamentos ilícitos da Odebrecht e teve seu acordo de delação recusado pela Lava-Jato, em 2016, por suspeita de omissão de atos ilícitos e ocultação de recursos. Posteriormente, o advogado denunciou o suposto esquema de extorsão na operação. Os fatos chegaram a ser investigados pela própria PGR e acabaram arquivados em 2018, sob a conclusão de que não ficou comprovada a prática de crimes.
Moro e Dallagnol negam as acusações. O senador pediu à Justiça que o caso não seja analisado pelo STF, já que as acusações dizem respeito à sua atuação como juiz e não à atuação na Casa Legislativa.