A Atvos (ex-Odebrecht Agro), empresa de etanol da Odebrecht, está em recuperação judicial, é dona de uma dívida de R$ 15 bilhões, teve um prejuízo em 2019 de R$ 1,5 bilhão, mas nem por isso é avarenta no momento de pagar a remuneração de seus diretores.
A presidente, Juliana Baiardi (acima, ao lado de Genésio Couto e Marcelo Odebrecht), e o diretor financeiro, Alexandre Almeida, reeleitos recentemente para novos mandatos, receberão um total de R$ 32,8 milhões, entre salários e bônus. E, de acordo com a ata da assembleia geral da Atvos, a própria dupla definirá com que valor cada um merece nesse butim.
Segundo a coluna de Lauro Jardim, os dois são Odebrecht raiz. Juliana está no cargo por indicação de Emilio Odebrecht. É filha de um dos ex-braços-direitos de Emílio, Renato Baiardi, ex-presidente da construtora, acionista e uma figura importante na construção do grupo. Juliana tem uma característica rara na organização: é uma das poucas pessoas que têm a confiança de Emilio e Marcelo Odebrecht.
Ele é funcionario da área financeira do grupo há mais de duas décadas. Na Braskem, ficou por 16 anos; e é CFO da Atvos há 7 anos.
Nota da Atvos
Atvos Investimentos enviou a seguinte nota: “Gostaríamos de fazer os seguintes esclarecimentos:1. A assembleia da Atvos não aprovou a remuneração de R$ 32 milhões para apenas dois diretores. Esse é o valor global máximo de remuneração para todos os administradores da Companhia. Trata-se de uma projeção, portanto, da remuneração que poderá, ou não, ser paga à totalidade dos administradores, durante o exercício de 2020/2021. O desembolso dependerá de outras decisões a serem tomadas pela Companhia no curso do exercício, em conformidade, inclusive, com o seu desempenho.
2. No caso, a definição do limite global da remuneração considerou um conselho de administração composto por 7 membros, uma diretoria composta por 5 membros e membros de um potencial conselho fiscal da Atvos. A projeção também levou em conta a remuneração dos administradores que integrarão a NewCo, sociedade que deve ser constituída nos termos do plano de recuperação judicial aprovado pelos credores. A diretoria dessa sociedade será composta por 5 membros e o conselho de administração por mais 5.
3. O montante projetado é coerente com os valores globais definidos em exercícios anteriores pelo Grupo Atvos. No exercício passado, por exemplo, a remuneração total aprovada para os administradores foi de R$ 29,3 milhões, considerados os encargos trabalhistas.
4. A remuneração global fixada para a administração do Grupo Atvos é perfeitamente compatível com uma empresa de seu porte, com faturamento de vários bilhões de reais. Vale ressaltar que a média da remuneração fixa anual dos administradores é da ordem de R$ 800 mil.”)