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sexta-feira 19 de fevereiro de 2021 às 17:49h

Até quando Paulo Guedes vai?

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Antes da posse de Jair Bolsonaro, era comum uma aposta conforme artigo de Vera Magalhães no O Globo: quem duraria menos no governo, Sérgio Moro ou Paulo Guedes?

Isso porque, conforme a jornalista, logo de cara ficou evidente que o ex-juiz da Lava Jato seria diuturnamente esvaziado por Bolsonaro, que usou a operação chamariz para conseguir os votos dos antipetistas, mas não aceitaria alguém lhe fazendo sombra ou desobedecendo suas ordens.

Guedes também foi um Cavalo de Troia para o capitão. Permitiu a ele vender um discurso absolutamente desprovido de substância de que faria um governo liberal, sendo que sua prática como parlamentar sempre foi corporativista e estatista.

A própria existência de Bolsonaro só é possível porque ele e seus filhos viveram às custas do Estado, fazendo patrimônio a partir da política, usando e abusando das práticas mais atrasadas do fisiologismo, de auxílios de toda ordem a rachadinha de salários de assessores.

Mas Guedes queria reconhecimento como formulador econômico que, a seu ver, sucessivos governo, diferentes linhas de economistas e todas as instituições acadêmicas do país lhe haviam negado por décadas.

Ele caiu na conversa de Bolsonaro de que teria carta branca para sua agenda. E contiunua caindo, quase um ano depois de Moro já ter caído fora e caído no ostracismo e na desconstrução que o bolsonarismo destina àqueles que usa e descarta.

Mas, afinal, depois de dois anos sem privatizações, com as reformas em câmera lenta depois da da Previdência e diante dos sucessivos rompantes intervancionistas do presidente — na Petrobras, no Banco do Brasil, na Caixa, na Receita — o que ainda faz com que Guedes permaneça no governo empunhando a bandeira de um liberalismo que Bolsonrao ignora e despreza?

O ministro espera reconhecimento. Mantém a crença de que a economia vai se recuperar em “V”, de que a vitória de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco permitirá um pacto com o Legislativo pelas reformas, que Bolsonaro compreende a necessidade do ajuste fiscal, que será possível fazer a reforma tributária e a administrativa, e que será possível contar com a consciência de senadores e deputados para a necessidade de se cortar gastos (inclusive as prometidas e anabolizadas emendas) e congelar salários de servidores.

Diante do chilique de Bolsonaro com o preço dos combustíveis e as ameaças ao presidente da Petrobras, Guedes segue tentando contemporizar. Interlocutores do ministro têm dito que “é claro que não será assim”, numa referência à ideia de congelar reajustes por dois meses, e que Castello Branco não vai deixar o comando da empresa.

É difícil saber se Guedes de fato acredita em Bolsonaro, que alguém como ele é capaz de fazer a tal mediação entre “ordem e progresso”, que ele tem algum compromisso com a democracia e com o liberalismo que ele aprendeu em Chicago ou se está tentando apenas convencer a si mesmo, para não desistir da grande chance que teve de assumir o comando da Economia do país e ser consagrado.

Sonhos todos temos. Cada um sabe da trajetória que o levou a sonhar seus sonhos. Mas viver da ilusão de que eles se tornarão realidade apenas porque nosso desejo é forte e obstinado não condiz com o escrutínio e da capacidade de enfrentar a realidade que se espera dos homens públicos. Por Vera Magalhães / O Globo

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