domingo 22 de dezembro de 2024
Taxa de câmbio - Foto: Bruno Domingos/Reuters/Divulgação
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sexta-feira 2 de agosto de 2024 às 09:58h

Até onde vai o dólar? Entenda a disparada e o que irá definir o rumo do câmbio

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O dólar fechou a quinta-feira (1º) em R$ 5,7364, patamar que não era registrado desde 21 de dezembro de 2021. Foi um salto de 1,43% em relação ao dia anterior, seguindo uma sequência de alta da moeda.

Além dos questionamentos sobre os motivos para tamanha valorização da moeda, a dúvida também é sobre até quando a tendência altista se manterá e em momento, ou o que pode ocorrer para que o dólar comece a recuar.

O Boletim Focus desta semana, divulgado na segunda-feira, 29, o mercado manteve a expectativa para a cotação do dólar em 2024, a R$ 5,30. A alteração foi na projeção para 2025, que passou de R$ 5,23 do relatório anterior para R$ 5,25 agora.

Entre decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos, investidores com aversão a riscos, eleições controversas na Venezuela e a escalada do conflito no Oriente Médio, veja o que está jogando a cotação da divisa norte-americana para cima, de acordo com analistas.

Copom e os juros

O tom do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a decisão de manter o juro básico da economia em 10,5% pode ser um dos motivos. Apesar de mais duro que o comunicado da decisão anterior, que também não mexeu na taxa, Beto Saadi, diretor de Investimentos da Nomos, avalia que o mercado esperava ainda mais firmeza, indicando, inclusive, a possibilidade de alta dos juros.

“Se o juro não sobe, o que tem que subir é o dólar. Então os operadores estão reestruturando suas posições, e isso acaba impactando no dólar como proteção em um cenário que o BC está bem resistente em subir juros”, diz.

Cenário externo

Além da decisão do banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve) de manter sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50%, enquanto o mercado aguarda ansiosamente pelo início do ciclo de cortes, outro fato que veio de lá foram os dados divulgados na manhã de quinta-feira, apontando uma economia americana mais fraca, com aumento nos pedidos de auxílio-desemprego, produção industrial desacelerando levemente, assim como a atividade no setor de construção.

“Esses dados acabaram aumentando um pouco a versão a risco”, diz Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo. Isso acaba levando investidores para ativos mais seguros, como aqueles atrelados ao dólar.

Soma-se ainda questões geopolíticas. De um lado, a escalada do conflito no Oriente Médio com o ataque de Israel, em guerra em Gaza com a Palestina, ao Hezbollah, no Líbano. Com isso, o Irã entrou com mais peso na briga, prometendo resposta contra Israel, aumento as tensão e, novamente, a aversão a risco.

“Nesse ambiente, tivemos um movimento geral de enfraquecimento de moedas de emergentes. Então não é só Brasil. Está impactando também a moeda do Chile e do México, que são nossos pares aqui. Todas desvalorizando em torno de 1%”, destaca Costa.

Cenário doméstico

No Brasil, a questão fiscal vem sendo um dos fatores para pressionar a cotação do real. E o próprio comunicado do Banco Central diz que a percepção do mercado sobre a trajetória do endividamento do governo tem impactado as expectativas e preços de ativos, destacando que uma política fiscal comprometida contribui com a ancoragem da inflação.

Luciano Costa, da Monte Bravo, diz que o mercado acredita que o governo vai ter um déficit maior do que ele prevê, apesar do contingenciamento de R$ 15 bilhões, “que foi uma notícia no sentido certo, apesar de não ser o suficiente para ter a meta de primário do governo sendo comprida”, diz.

“Está tendo uma fala mais coesa do governo no sentido de comprometimento fiscal, mas precisamos ver isso virar prática e ainda não vimos, então o risco fiscal ainda está no radar”, afirma Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.

Queda à vista?

Como visto, o câmbio tem sido impactado por diferentes fatores, começando por aqueles de níveis globais. Logo, o dólar em patamar mais elevado não deve ser resolvido no curto prazo, especialmente pelas questões geopolíticas.

O que pode ajudar a enfraquecer um pouco a moeda norte-americana é a percepção de um corte de juros pelo Fed. “A probabilidade do corte em setembro ficou praticamente 100% na previsão do mercado. Isso deve ser um motivo para enfraquecer o dólar frente às outras moedas”, acredita Costa.

Contudo, além das eleições americanas, que acrescentam incertezas ao cenário geopolítico, o cenário no Oriente Médio pode anular qualquer que seja a decisão do Fed.

“Se tiver uma escalada de tensões entre duas potências nucleares, eu não tenho a menor dúvida que não vai adiantar o Fed cortar juros, que o dólar vai continuar pressionado”, avalia Helena Veronese, da B.Side.

Se eles de fato começarem a cortar juros em setembro [nos EUA], a tendência é que o dólar se enfraqueça em relação às principais divisas e aí talvez não se enfraqueça tanto em relação ao real, porque temos o risco fiscal, mas vai enfraquecer”, pondera a economista.

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