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sábado 12 de janeiro de 2019 às 15:42h

Atacar minorias não compensa falta de plano, diz NYT sobre Bolsonaro

POLÍTICA


“Um ano fatídico começou para o Brasil”. É assim que o jornal americano The New York Times inicia seu primeiro editorial sobre o novo governo de Jair Bolsonaro.

O texto publicado na quarta-feira (9) destaca logo de início os decretos do presidente que estabelecem monitoramento de organizações não-governamentais internacionais e “minam as proteções” para povos indígenas, o meio ambiente e a população LGBT.

“Mas atacar as minorias e fazer promessas grandiosas só funcionam até certo ponto para compensar a falta de competência para governar ou de um programa coerente”, escreve o NT.

Apesar dos recordes da Bolsa e do fortalecimento do Real, o jornal aponta que a primeira semana turbulenta do mandato dá motivos de hesitação mesmo para os investidores e oficiais militares que celebravam um presidente classificado como reacionário.

“Enquanto seu ministro da Economia, Paulo Guedes, economista neoliberal educado na Universidade de Chicago, que ensinava economia no Chile durante a era Pinochet, prometeu reformar o pesado sistema previdenciário brasileiro, Bolsonaro fez comentários improvisados ​​sugerindo uma idade mínima de aposentadoria bem abaixo de sua a equipe estava ponderando”, afirma trecho do texto.

Também são citados os desencontros entre a equipe e o presidente nos temas da alta do IOF, a “parceria” entre Boeing e Embraer e a sugestão de instalar uma base americana em solo brasileiro.

Para a publicação, suas ações são “tristes, mas não inesperadas” para um “ex-oficial militar cujos 27 anos de Congresso foram notáveis ​​apenas por insultos grosseiros a mulheres, minorias sexuais e negros”.

Para exemplificar, o NYT cita frases ditas por Bolsonaro, como “bandido bom é bandido morto” e que ele enviaria os “bandidos vermelhos” para a prisão ou o exílio.

Comparações

No editorial, o jornal compara o presidente do Brasil com Donald Trump, dos EUA, Rodrigo Duterte, das Filipinas, Viktor Orban, da Hungria, e Recep Tayyip Erdogan, da Turquia.

“Mobilizar a raiva, o ódio e o medo tornou-se a estratégia familiar dos autoritários, e Bolsonaro se inspirou livremente nessa cartilha”, afirma.

O texto relembra, ainda, que ele foi apelidado de “Trump dos Trópicos” por seus comentários ultrajantes e eleitorado de “cristãos evangélicos, elites endinheiradas, políticos covardes e falcões militares”.

Instituições brasileiras

O NYT defende que para o Brasil “resistir aos ataques autocráticos” de Bolsonaro, será preciso que as instituições nacionais tenham força.

“Muito também dependerá da capacidade de Bolsonaro de realizar reformas econômicas extremamente necessárias. Esse teste começa em fevereiro, quando o novo Congresso se reúne — o presidente comanda apenas uma coalizão instável de vários partidos, e ele deve enfrentar forte oposição a suas reformas”, diz o texto.

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