Com o futuro da Petrobrás em jogo na Bahia, a Associação dos Engenheiros da Petrobras, Núcleo Bahia (AEPET-BA) lançou um manifesto exigindo ação governamental para reverter o desmonte da estatal no estado. O material foi divulgado no dia 03 de outubro, quando a Petrobras completou 71 anos de funcionamento.
Intitulada “Reconstruir a Petrobrás na Bahia”, esta declaração pede a reversão da política de privatizações e de desregionalização implementadas durante os governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro que liquidaram quase R$ 300 bilhões em ativos, incluindo a venda de refinarias, BR, Liquigás, Gaspetro, NTS e TAG.
O Nordeste foi a região mais atingida com essa política e isso não ocorreu de forma aleatória, denuncia a AEPET-BA. A proposta era transformar a Petrobras em uma empresa produtora exclusivamente do Pré-Sal e com presença restrita ao eixo Rio de Janeiro-São Paulo.
Só para ter uma ideia, a privatização e o desmonte da Petrobras no Nordeste resultaram em uma queda de 77% no número de trabalhadores na região — de 17.663 em 2012 para apenas 4.124 em 2022.
A Bahia foi duramente atingida e unidades importantes da empresa foram vendidas, hibernadas ou arrendadas. O estado foi um dos primeiros locais onde a empresa demonstrou seu potencial estratégico e sua capacidade técnica, que se expandiu ao longo dos anos, tornando-se vital para o crescimento da economia nacional.
Foi na Bahia onde jorrou o primeiro poço de petróleo do Brasil e onde se construiu a primeira refinaria nacional, a Refinaria de Mataripe (RLAM) em 1950. Nesse estado também foi constituído o centro financeiro (COFIP) e a sede dos serviços compartilhados Norte Nordeste que prestava serviços às unidades de negócio da Bahia ao Amapá.
“A Petrobras não é apenas uma gigante do petróleo. Reconstruí-la é resgatar nosso futuro. O desmantelamento sistêmico durante as administrações anteriores abandonou mais do que meros vazios econômicos, destruindo oportunidades”, afirma o presidente da AEPET-BA, Marcos André dos Santos.
A AEPET-BA propõe quatro estratégias essenciais que visam restaurar a importância da Bahia como um centro de energia. Especificamente, defende a reintegração de serviços abrangentes na área administrativa e a retomada do controle estatal da antiga Refinaria Landulpho Alves (RLAM) para quebrar o monopólio privado da Acelen, que administra a Refinaria. A RLAM foi vendida em dezembro de 2021 para o fundo árabe Mubadala e desde então pratica preços exorbitantes na gasolina, diesel e gás de cozinha.
Outras recomendações incluem a modernização da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN-BA) que foi arrendada à Unigel Agro BA e está parada há quase dois anos, operando apenas a transferência de amônia, além de investimentos em infraestrutura de gás alinhada aos desenvolvimentos do Pré-Sal.
A AEPET-BA enfatiza o posicionamento da Bahia como líder na produção de energia renovável, um segmento negligenciado por governos anteriores, mas essencial para o crescimento sustentável.
Portanto, o manifesto da AEPET-BA é um chamado urgente para que a sociedade e o governo revisitem a política de privatizações e debatam estratégias para reerguer a Petrobras na Bahia.
“A narrativa de que a privatização é sinônimo de progresso precisa ser reexaminada e com o manifesto queremos mostrar a necessidade de começar o debate público urgente sobre investimentos e a reconstrução da Petrobrás na Bahia”, finaliza Marcos.
Sobre a AEPET-BA
A Associação dos Engenheiros da Petrobras, Núcleo Bahia (AEPET-BA) é uma organização sem fins lucrativos comprometida em defender o papel de desenvolvimento nacional da Petrobrás, ao mesmo tempo em que defende economicamente a soberania brasileira em contextos democráticos que promovem a justiça social.