Não é segredo para ninguém de que a preservação do meio ambiente é condição essencial para a própria sobrevivência humana. As práticas agrícolas, portanto, devem ser realizadas dentro dos princípios da sustentabilidade. Partindo desse pressuposto, a Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa), em parceria com a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), conduziu um projeto que visa contribuir com o suprimento dos recursos hídricos da região do Oeste Baiano, com o objetivo de recuperar nascentes e preservar os recursos hídricos das bacias hidrográficas dos rios Grande, Corrente e Carinhanha.
A iniciativa surgiu a partir de um estudo que identificou que a área de produção irrigada no Oeste Baiano é de 190 mil hectares, dos quais quase 37 mil são exclusivamente reservados à cotonicultura. Com essa informação, as associações se uniram em prol da recuperação de 50 nascentes e áreas de preservação permanente, da conscientização de 600 moradores ou alunos de escolas próximas às comunidades ribeirinhas, além da capacitação de 200 ribeirinhos sobre a importância da conservação dos recursos naturais e o incentivo da agricultura sustentável.
Para atingir os objetivos, o projeto teve como foco a educação ambiental e a recuperação de áreas ribeirinhas, ao longo de rios e riachos da região. Junto a isso, será priorizado o diálogo próximo com o poder público, as comunidades e os cotonicultores. E, para que houvesse sucesso na condução das ações, foram realizadas parcerias institucionais com as prefeituras da região Oeste, com participação das secretarias municipais de Meio Ambiente e de Agricultura.
“A condução desse projeto é essencial para a manutenção dos recursos hídricos em uma bacia hidrográfica, uma vez que as áreas a serem trabalhadas são de afloramentos de água que se formam quando o aquífero atinge a superfície e, consequentemente, a água armazenada no subsolo aflora na superfície do solo”, explica a diretora de Meio Ambiente da Associação de Apicultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Alessandra Chaves.
As ações do projeto, cujo financiamento foi do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), também buscaram fomentar o cumprimento da legislação ambiental e adequações ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), previsto no Código Florestal Brasileiro. Assim, o projeto pode vir a ser uma referência para a revitalização de áreas com as mesmas especificidades do Cerrado brasileiro.
As atividades na região Oeste da Bahia incluem diagnóstico, preservação, recuperação e monitoramento das nascentes, além de capacitação e educação ambiental das comunidades que vivem no entorno das áreas trabalhadas, as quais têm o benefício imediato e direto das atividades de recuperação.
“Importante ressaltar que as ações de manutenção e recuperação de nascentes e veredas na região exercem um valor social, ambiental e econômico grande, uma vez que a área se destaca pelas atividades agrossilvipastoris”, finaliza Chaves.
Atualmente são conduzidos trabalhos nos municípios de Barreiras, Baianópolis, Formosa do Rio Preto, Luís Eduardo Magalhães, Correntina, Jaborandi, Cocos, Mansidão, São Desidério e Wanderlei. Desde o início do projeto foram identificadas 220 áreas passíveis de condução de atividades de preservação e/ou recuperação ambiental. Destas, 74 encontram-se com diagnóstico de planos de ação sendo conduzidos.