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sexta-feira 23 de setembro de 2022 às 07:16h

Associação de empresas de pesquisa pede investigação sobre levantamentos autofinanciados

ELEIÇÕES 2022, NOTÍCIAS


A Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) divulgou uma nota nesta última quinta-feira (22) alertando conforme a coluna Pulso, do jornal O Globo, para o grande número de CNPJs que produzem pesquisas autofinanciadas ou que ocultam seus patrocinadores e divulgam estudos com números “diversos e desiguais”. Segundo a associação, é necessário investigar a origem desses recursos que financiam levantamentos que “buscam mais confundir do que informar o eleitor brasileiro”.

Assinada pelo presidente da associação, Duilio Novaes, a nota vem na esteira de declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), insinuando manipulação no resultado de institutos. Lira afirmou em sua conta no Twitter que “nada justifica resultados tão divergentes” e pediu medidas legais para punir institutos que “erram demasiado ou intencionalmente” para prejudicar qualquer candidatura.

A declaração de Lira, que é aliado do presidente e candidato à reeleição pelo PL, Jair Bolsonaro, e que busca à reeleição a deputado, acontece um dia após um pesquisador do Datafolha ser agredido por um bolsonarista no interior de São Paulo. As pesquisas eleitorais têm sido alvo de questionamento por parte de Bolsonaro, que aparece em segundo lugar na maioria dos levantamentos.

O argumento do presidente e seus aliados é que sondagens internas apontam um cenário diferente. No entanto, essas sondagens internas são proibidas por lei de serem divulgadas, uma vez que não são registradas na Justiça Eleitoral, sem qualquer transparência sobre sua abrangência e critérios usados.

A nota da Abep alerta para um fenômeno que vem crescendo no país: as pesquisas autofinanciadas. Como mostrou reportagem do Pulso, quase quatro em cada dez pesquisas eleitorais registradas no TSE entre janeiro e junho deste ano foram pagas com recursos das próprias empresas responsáveis pelos levantamentos. Entre os institutos que financiam suas sondagens eleitorais, há empresas de terraplanagem, organização de rodeios e até vaquejadas, além de pesquisa a preço de R$ 0,01.

Uma vez que as empresas de pesquisa não precisam submeter nota fiscal para sondagens autofinanciadas, não é possível rastrear de onde saem os recursos que bancam aquele serviço. A falta de transparência abre brechas para que essas firmas possam ajudar campanhas políticas ao divulgarem pesquisas que beneficiem certos candidatos, alertam especialistas do setor.

“De um lado, os grandes institutos, em sua maioria filiados da Abep, têm apresentado resultados bastante próximos, levando-se em conta a margem de erro, apontando uma mesma tendência entre os candidatos. Do outro lado, empresas que produzem pesquisas autofinanciadas ou que ocultam seus patrocinadores divulgam estudos com números diversos e desiguais, aparentemente desalinhados em relação à opinião da maioria do eleitorado”, diz a nota da associação. “Todos os institutos que fazem parte da Abep trabalham de acordo com normas internacionais de coleta, processamento e divulgação de dados. Chegou o momento de investigarmos a origem desses recursos que financiam levantamentos que buscam mais confundir do que informar o eleitor brasileiro.”

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