Vários presentes dados por países estrangeiros a Donald Trump durante sua Presidência nos Estados Unidos não foram contabilizados nos registros do governo, revelou nesta sexta-feira (17) um relatório divulgado por democratas na Câmara. Durante o governo Trump, a Casa Branca falhou em documentar adequadamente mais de 100 presentes avaliados em cerca de US$ 250 mil (R$ 1,3 milhão), incluindo uma joia ornamentada dada a Trump pela Arábia Saudita, semelhante as doadas ao ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
Os presentes foram entregues a Trump; sua mulher, Melania; seu genro, Jared Kushner e sua filha, Ivanka Trump, e contabilizados em registros, mas nunca foram divulgados publicamente, conforme exigido pela lei americana.
No Brasil, o jornal O Estado de S. Paulo revelou, no começo do mês, a apreensão de joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, que seriam um presente do governo saudita para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e várias tentativas do governo passado de reavê-las. Os itens acabaram retidos na alfândega, em outubro de 2021, por não terem sido devidamente declarados. As informações são do O Globo e New York Times.
Nos EUA, os itens não declarados incluíam um motorista de US$ 3.040 (R$ 16 mil) e um taco de US$ 460 (R$ 2.500) dados a Trump por Shinzo Abe, então primeiro-ministro do Japão à época, e “uma pintura maior do que o tamanho natural” de Trump, dada a ele pelo presidente de El Salvador, Nayib Bukele, de acordo com o relatório.
Uma caixa decorada de prata que um ativista sindical no Egito deu ao genro de Trump também está desaparecida, segundo o documento. A caixa foi avaliada em US$ 450 (R$ 2.300).
Todos os departamentos e agências do governo americano são obrigados a enviar uma lista ao Departamento de Estado com todos os presentes acima de US$ 415 (R$ 2.200) que seus funcionários receberam de governos estrangeiros.
Os funcionários podem ficar com os presentes se estiverem dispostos a reembolsar o governo pelo valor estimado. A medida visa garantir que os governos estrangeiros não ganhem influência indevida sobre as autoridades americanas.
Nos EUA, o relatório de 20 páginas de e-mails e documentos não divulgados da Casa Branca coloca em xeque se Trump também infringiu a lei quando manteve um computador dado a ele pelo presidente-executivo da Apple, Tim Cook.
A investigação, que foi motivada por revelações sobre como a Casa Branca de Trump manipulou indevidamente presentes do The New York Times e do Departamento de Estado, concluiu “que as falhas na divulgação de presentes de governos estrangeiros foram muito mais amplas do que se sabia anteriormente e se estenderam ao longo de todo o governo Trump”, diz o documento.
Segundo o monitoramento da firma Morning Consult, Trump é o favorito para abocanhar a nomeação republicana no ano que vem, com 52% de intenção de votos entre os filiados do partido, contra 28% de seu maior rival, Ron DeSantis.