O marqueteiro do presidente Lula da Silva (PT), Sidônio Palmeira, tem sido visto como o provável substituto de Paulo Pimenta na Secom na reforma ministerial que o presidente fará para seguir com a segunda metade de seu governo. De acordo com auxiliares no Planalto, a troca deve ocorrer após a volta de Lula de São Paulo, onde sofreu uma cirurgia na cabeça na semana passada. Mas Sidônio terá que fazer escolhas difíceis caso realmente aceite a missão que Lula pretende lhe dar.
Uma delas, segundo Malu Gaspar, do O Globo, é o fato de que ele terá pouco tempo para colocar em ordem a comunicação do governo, em especial na área digital, que é a principal preocupação de Lula. Isso porque a expectativa no PT é de que o marqueteiro também assuma o comando da campanha pela reeleição, o que ocorreria necessariamente até o prazo para desincompatibilização, em março de 2026.
Como as licitações para o contrato da área digital e o da área institucional ainda estão em curso, Palmeira levaria alguns meses para arrumar a casa e colocar uma estratégia de pé.
Se confirmada, a nomeação reforçará a apreensão do petista com os rumos do governo na comunicação com o eleitorado. Em janeiro, o presidente chegará à segunda metade de seu mandato sem uma estratégia consolidada para as redes sociais.
Outra questão ainda por ser resolvida é um potencial conflito de interesses. Isso porque Sidônio é muito próximo do dono de uma das agências vencedoras da licitação para comunicação digital que acabou cancelada pelo próprio governo depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou fatos de “extrema gravidade” no processo de seleção para o contrato de quase R$ 200 milhões.
O processo entrou na mira do TCU depois que a lista de vencedoras do certame foi antecipada na véspera da divulgação do resultado pelo Antagonista. Em abril, o site divulgou uma mensagem cifrada na rede social X dizendo que as agências Usina Digital, Area Comunicação, Moringa L2W3 e o consórcio BR e Tal, composto pela BRMais e a Digi&Tal, dividiram o contrato, o que se confirmou.
No mercado publicitário, é notória a ligação de Sidônio é com a Usina Digital, agência formada por um outro marqueteiro baiano que fez com ele a campanha do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil).
Acostumado a atuar nos bastidores, Sidônio pode não ter interesse e nem apetite para o desgaste de tocar uma concorrência sobre a qual há tanta disputa e que ainda corre risco de não ocorrer.
Outro aspecto que também pode criar um desgaste para Sidônio é o fato de que, como marqueteiro, ele não precisa lidar com a burocracia típica da gestão pública – o que ocuparia boa parte de seu tempo na Secom.
Vários dos auxiliares de Lula têm dúvida sobre se ele vai mesmo querer assumir essas missões, o que faz com que alguns especulem se não seria melhor que ele fosse deslocado para um cargo de confiança ao lado do presidente, no gabinete do Palácio do Planalto.
Todos esses pontos devem ser considerados por Sidônio ao decidir se assume ou não a Secom. Mas, pelo que se diz nos bastidores, nenhum deles é mais forte do que um pedido de Lula.