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Lula e ministros fazem minuto de silêncio antes da reunião de 100 dias do governo Divulgação/Ricardo Stuckert/Presidência da República
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segunda-feira 10 de abril de 2023 às 10:39h

As discordâncias e desavenças no 1° escalão do governo Lula

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Não foram só críticas e ataques da oposição que atingiram o governo de Luiz Inácio Lula da Silva nos primeiros 100 dias de governo. Além dos meandros do jogo político, o presidente precisou lidar segundo Fernanda Alves, do O Globo, com conflitos e ruídos dentro de sua própria equipe, alguns, inclusive, que ainda não se resolveram e prometem desestabilizar os próximos meses da gestão do petista.

Um dos últimos episódios de tensão dentro do primeiro escalão do governo aconteceu duas semanas, quando o chefe da Casa Civil, Rui Costa, deu um chá de cadeira de 45 minutos no ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na reunião da JEO (Junta de Execução Orçamentária). Após o episódio, inclusive, os dois tiveram um encontro para “aparar arestas” e pacificar pontos de divergências.

— Atrito? Olha o sorriso dele e o meu — disse Costa, após o encontro.

Os conflitos dentro do governo, no entanto, são de embates discretos entre os dois nos bastidores. As desavenças teriam se intensificado durante a discussão sobre o novo arcabouço fiscal, formulado pela Fazenda. A proposta foi apresentada ao presidente de Lula na presença do chefe da Casa Civil. Nos bastidores, o relato é o de que Costa teria criticado a proposta por não prever maior espaço para investimentos.

As discordâncias de Rui Costa não se resumem à pautas da Fazenda. Na última semana, ele divergiu publicamente do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, após descartar a possibilidade de o governo transformar em projetos de lei (PLs) algumas medidas provisórias enviadas para o Congresso Nacional, em meio ao impasse sobre a forma de tramitação dos textos. Padilha, em entrevista ao GLOBO, havia afirmado que o governo estava “aberto à possibilidade”. Ele também desautorizou o ministro da Previdência, Carlos Luppi, que no início do governo disse desejar discutir o que chamou de “antirreforma” da Previdência. A fala foi em referência às regras aprovadas em 2019, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL). Com o o aval de Lula, Costa frisou que “nenhuma proposta estava sendo analisada ou pensada” para mudar as regras de aposentadorias e pensões.

Já Haddad se tornou um dos principais alvos de fogo amigo dentro da base do governo. Logo nos primeiros dias de governo, o político foi derrotado na queda de braço pela reoneração dos combustíveis, após MP assinada por Lula que manteve a isenção de tributos federais por 60 dias. Haddad tinha pedido para que isenção dada ainda no governo Bolsonaro não prorrogasse. Em fevereiro, após anúncio do retorno da retomada da tributação, o ministro enfrentou críticas de seu próprio grupo político à decisão, como as publicações da presidente do Partido dos Trabalhadores Gleisi Hoffmann em suas redes sociais sobre o tema.

“Impostos não são e nunca foram os responsáveis pela explosão de preços da gasolina q assistimos desde o golpe e no governo Bolsonaro/Guedes. Não somos contra taxar combustíveis, mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir compromisso de campanha”, escreveu a deputada federal.

Esta não foi a única vez que a petista fez comentários críticos a decisões do governo Lula. A parlamentar defendeu o afastamento do ministro das Comunicações Juscelino Filho do cargo, após divulgada a informação que o político usou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar a São Paulo, onde participou de leilões de cavalo. Juscelino, que também recebeu diárias relativas ao período, embora só tenha cumprido duas horas de agendas relativas ao cargo no estado, continuou no posto mesmo após as denúncias.

— Olha, em situações como essa, eu acho que o ministro devia pedir um afastamento para poder explicar, justificar, se for justificável o que ele fez. Isso impede o constrangimento de parte a parte — declarou Gleisi à época.

Bronca por ‘genialidade’

Nesses primeiros 100 dias de governo, atitudes de ministros causaram desconforto até no próprio Lula com atitudes de seus ministros, que chegou a dar uma bronca nos integrantes de seu 1° escalão. Durante uma reunião ministerial transmitida ao vivo pela TV Brasil, o petista avisou que, caso um integrante do governo idealizasse “qualquer genialidade”, ele deveria, antes de divulgar a proposta, submetê-la ao crivo da Casa Civil, comandada por Rui Costa.

Embora Lula não tenha citado o destinatário do alerta, o puxão de orelha aconteceu logo após declarações de Márcio França que não foram bem recebidas. O pessebista anunciou um programa de venda de passagens aéreas por R$ 200 para aposentados, servidores públicos e estudantes, proposta que chegou a ser classificada como “estúpida” por um auxiliar de Lula.

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