As últimas pesquisas Quaest para as eleições nas capitais indicam que ainda é significativa, na largada da maioria das disputas, a parcela de eleitores sem o nome de um candidato na ponta da língua, quando são questionados sobre em quem pretendem votar na chamada pesquisa espontânea — modalidade em que não é apresentada a lista de concorrentes aos entrevistados. Os maiores índices de indecisos aparecem, numericamente, nas eleições de Curitiba (81%), Belo Horizonte (73%) e Belém (72%), em um comparativo feito pelo jornal O Globo com 24 cidades com levantamentos divulgados.
Essas capitais têm em comum disputas pelo posto com grande número de candidatos, a ausência de um nome que desponte como favorito e um cenário embolado com empates técnicos na margem de erro. Em seguida, aparecem também com altos índices de indecisos, superiores a 70%, as cidades de Fortaleza, Campo Grande, Porto Velho e Goiânia.
Percentual de indecisos nas capitais
Capital | Indecisos na espontânea (%) |
Curitiba | 81 |
Belo Horizonte | 73 |
Belém | 72 |
Fortaleza | 71 |
Campo Grande | 71 |
Porto Velho | 71 |
Goiânia | 71 |
Porto Alegre | 67 |
Aracaju | 66 |
Rio de Janeiro | 65 |
Florianópolis | 65 |
Cuiabá | 64 |
Natal | 63 |
Salvador | 63 |
Manaus | 62 |
São Paulo | 59 |
Maceió | 58 |
João Pessoa | 57 |
Vitória | 54 |
Teresina | 52 |
Boa Vista | 49 |
Rio Branco | 45 |
Recife | 38 |
Macapá | 30 |
Impacto da avaliação do prefeito
Na avaliação da cientista política Mayra Goulart, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o alto número de indecisos na capital mineira pode ser explicado justamente pelo fato de o prefeito Fuad Noman ser desconhecido por parte do eleitorado. Também pesa contra o gestor a recente ruptura com Alexandre Kalil, que escolheu apoiar Tramonte.
— O prefeito sempre é o candidato preferido por ser usualmente conhecido pela população e pela característica das eleições municipais serem marcadas por uma mobilização menor que a nacional. Mas quando o prefeito não está na disputa ou tem uma racha em seu grupo, a tendência é que aumente o número de indecisos — diz Mayra Goulart.
Na capital paranaense, o prefeito Rafael Greca (PSD) é bem avaliado por 65% dos eleitores e apoia seu vice e correligionário, Eduardo Pimentel. Numericamente, o candidato do PSD é quem lidera a disputa, com 19% das intenções de voto. Pimentel, contudo, está empatado na margem de erro, de três pontos, com outros três nomes, que pontuam entre 18% e 14%. A expectativa na campanha de Pimentel é que a boa avaliação de Greca reflita em votos para seu sucessor. Pimentel também é apoiado pelo governador Ratinho Júnior (PSD), bem avaliado por 64% dos eleitores da capital paranaense.
Em Belém, o prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), que tenta reeleição, tem alto índice de reprovação. A última pesquisa Quaest mostra o deputado federal Delegado Éder Mauro (PL), com 23% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Igor Normando (MDB), candidato do governador Helder Barbalho (MDB), que soma 21%. Já o atual chefe do Executivo municipal aparece com 15%.
Em contrapartida, as capitais com o menor número de eleitores indecisos pelo país são Macapá e Recife, que têm em comum a boa avaliação e favoritismo de seus prefeitos, candidatos à reeleição. Na capital do Amapá, os indecisos somam 30%. Na pesquisa estimulada, Doutor Furlan (MDB) atinge 91% das intenções de voto. A liderança se justifica pela alta aprovação da gestão do emedebista, que é positiva para 96% dos entrevistados.
Cenário similar é observado na tentativa de reeleição do prefeito João Campos (PSB) em Recife, onde 38% se dizem indecisos na pesquisa espontânea. Campos tem 80% das intenções de voto, segundo a Quaest, e cumpre um mandato bem avaliado por 70% dos eleitores.