A campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemorou o cenário de estabilidade e a alta rejeição à gestão de Jair Bolsonaro apontados pela nova pesquisa Ipec (ex-Ibope), após uma semana em que os petistas traçaram planos segundo a coluna de Malu Gaspar, para atrair o eleitor evangélico e foram confrontados com o recrudescimento do discurso anticorrupção.
A pesquisa Ipec mostrou o ex-presidente da República liderando a corrida pelo Palácio do Planalto com 44% das intenções de voto, mesmo patamar da pesquisa anterior.
Mas alguns dados em particular foram celebrados. Um deles foi a constatação de que o mau desempenho de Lula no debate da Band não tirou votos do petista, uma vez que essa foi a primeira pesquisa do Ipec feita após o evento.
Pelo contrário: a oscilação positiva na pesquisa espontânea (em que o eleitor não é apresentado a uma lista com as opções de voto), saindo de 40% para 42%, foi vista com um sinal de sedimentação das intenções de voto em Lula, a menos de um mês do primeiro turno.
“Vamos ver o grau de resiliência do Lula. Pode ser que venha voto útil de Ciro e Simone”, avalia um integrante do núcleo duro da campanha, ainda esperançoso em liquidar a disputa já no primeiro turno.
Para o partido de Lula, a melhor notícia veio com o número de brasileiros que desaprovam a maneira de governar do atual ocupante do Palácio do Planalto – 57%, ante 38% de aprovação.
“Com essa desaprovação não ganha nem para vereador”, alfineta um ex-integrante do primeiro escalão do governo Dilma.
Para um segundo integrante do núcleo duro da campanha petista, o foco agora é não apenas conquistar o apoio dos eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet, mas também tentar virar o voto de indecisos ou daqueles que pretendem anular.
De acordo com a nova pesquisa Ipec, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro entre os mais pobres (eleitores que ganham entre um e dois salários mínimos), saltou de 16 pontos percentuais (47% a 31%) para 23 pontos percentuais (49% a 26%).
Bolsonaro apostou no aumento do Auxílio Brasil para atrair o voto do eleitorado pobre, mas apesar dos milhões despejados, as pesquisas indicam que o presidente da República não tem conseguido capitalizar politicamente a medida.
E o tempo está ficando cada vez mais curto.