De 1979 até 2021, o ritmo da subida da temperatura ao redor da região do Pólo Norte foi quatro vezes maior do que no resto do planeta, e que a taxa de aquecimento é particularmente alta na região do Ártico
Um novo estudo publicado nesta quinta-feira (11) na revista Communications Earth and Environment confirma o que vários investigadores têm vindo a alertar nos últimos anos: o Ártico está a aquecer muito mais rápido do que o resto do planeta.
Este fenómeno, designado amplificação do Ártico, ocorre pelo menos desde 1979, ano a partir do qual os investigadores do Instituto Metereológico Finlandês começaram a analisar as tendências de temperatura no Círculo Polar Árctico, até 2021. Os resultados mostram que, de 1979 até 2021, o ritmo da subida da temperatura ao redor da região do Pólo Norte foi quatro vezes maior do que no resto do planeta, e que a taxa de aquecimento é particularmente alta na região do Ártico, sobretudo no Mar de Barents [a norte da Noruega e da Rússia], que aqueceu sete vezes mais rápido que a média global.
A temperatura média anual na região do Mar de Barents subiu até 2,7 graus Celsius a cada década nos últimos 20 a 40 anos, tornando este mar e suas ilhas a zona de aquecimento mais rápido do planeta. Esta alteração do clima desencadeou uma rápida perda de gelo marinho na região do Ártico, que, por sua vez, amplificou o aquecimento global.
Os investigadores identificaram um outro problema: os modelos climáticos, que os investigadores utilizam para fazer projeções sobre o clima no futuro, não estão a capturar esta alta taxa de aquecimento. O investigador Mika Rantanen, principal autor do estudo, explica à CNN que este pormenor é preocupante porque significa que os cientistas não podem confiar nas previsões do clima a longo prazo.
“Por causa desta discrepância, decidimos que isto precisa de ser corrigido. [Os modelos] têm de ser atualizados”, defende Rantenen, que acrescenta: “O Árctico é realmente mais sensível ao aquecimento global do que se pensava anteriormente. Vamos ver como isto vai evoluir no futuro.”
John Walsh, investigador-chefe do Centro Internacional de Investigação do Ártico da Universidade do Alasca Fairbanks, disse que o período do estudo realça o fenómeno de amplificação do Ártico, que tem sido mais significativo nas últimas décadas, do que no início e meados dos anos 90. “A amplificação do Ártico é inconfundível”, frisou Walsh, que não está envolvido no estudo, em declarações à CNN.
O estudo agora publicado confirma os dados do boletim anual do Ártico divulgados no ano passado pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, que descobriu que a região está a aquecer mais rápido do que o resto da Terra e está perdendo rapidamente a cobertura de gelo, transformando a paisagem tipicamente congelada por uma mais verde e acastanhada.