A ministra de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, assinou nesta segunda-feira (10), na cidade de Águas Brancas, um contrato que permitirá o início da construção de uma cerca na fronteira do país com a Bolívia.
Em entrevista coletiva, a ministra afirmou que a Argentina também usará tecnologia de ponta, com equipamentos que vão detectar “pessoas com pedidos de captura internacional e terroristas que tentam cruzar a fronteira”. A coluna procurou a assessoria do Ministério de Segurança para saber como esse sistema funcionaria na prática, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
Bullrich fez algo parecido quando foi ministra de Segurança do ex-presidente argentino Mauricio Macri, em 2019. Na época, afirmou que a tecnologia nas fronteiras do norte do país combinaria drones, câmeras e torres de vigilância, visando aumentar a segurança na região.
Durante o anúncio do início das obras, a ministra de Milei fez um tour pela região de fronteira, onde será construído o muro de arame de 200 metros de comprimento e 2,5 de altura, no município de 15 mil habitantes de Aguas Blancas, no Estado de Salta. Segundo o governo, o objetivo da obra é “combater o tráfico de drogas, tráfico sexual, exploração do trabalho e o contrabando de mercadorias.”
À imprensa, a ministra argentina também anunciou a inauguração de um espaço que funcionará no Escritório de Migração, na cidade de Aguas Blancas, que se chamará Local Seguro. “O objetivo é oferecer proteção e assistência integral às vítimas do tráfico, no âmbito das políticas de segurança e direitos humanos”, afirmou em nota oficial o governo argentino.
“Há muitos pontos cegos na fronteira que são difíceis de cuidar (…) Quando um crime ocorre na fronteira, a situação se torna mais complexa (…) outro tema que nos preocupa são as crianças que cruzam a fronteira e temos que protegê-las (…) Poderemos cuidar especialmente das vítimas dos tráficos, seja sexual, de trabalho ou de criancas”, disse Bullrich.
A ministra esteve acompanhada do governador de Salta, Gustavo Saenz, o qual afirmou que a parceria entre nação, estado e município nas fronteiras é uma forma de garantir que “não haverá espaço para delinquentes”.
O alambrado de arame, que será financiado pelo município de Aguas Blancas, faz parte do Plano Güemes, criado em dezembro do ano passado pela gestão Milei, com o objetivo de fortalecer a segurança em regiões fronteiriças.
Argentina e Bolívia compartilham 742 quilômetros de fronteira e a obra do alambrado representa 0,027% da fronteira total na região, segundo dados oficiais do governo argentino.
O muro de arame será construído entre o terminal de ônibus de Aguas Blancas e o Escritório de Migrações, na mesma localidade. Essa região é conhecida como “Porto Chalana”, onde pequenas embarcações cruzam o rio que existe ali, no limite com o rio Bermejo, na fronteira com a Bolívia.
A região do rio costuma ser cenário de acidentes com embarcações que transportam pessoas que tentavam cruzar os dois países. Em março de 2021, um acidente vitimou ao menos oito pessoas, sendo duas crianças.
Na ocasião do anúncio sobre a construção da cerca, o governo da Bolívia se manifestou em nota afirmando que temas de fronteiras devem ser tratados com diálogo: “qualquer medida unilateral pode afetar a boa vizinhança e a convivência pacífica’. Em resposta, a ministra argentina afirmou que o alambrado não era um tema de fronteira por ser construído em território argentino.
Além da Bolívia, a Argentina promete aumentar os controles fronteiriços com outros países, como o Brasil, anunciou a própria ministra Bullrich, em entrevistas aos jornais do país. Na semana passada, a Argentina divulgou um acordo com o Paraguai para o fortalecimento da fronteira.