O governo argentino chegou a um acordo com o governo chinês para fortalecer as reservas do Banco Central através da ampliação de uma troca de moedas, pela qual a Argentina terá acesso a US$6,5 bilhões (R$ 33 bilhões), anunciou o presidente Alberto Fernández às vésperas do primeiro turno das eleições presidenciais.
O montante representa US$ 1,5 bilhão (R$ 7,6 bilhões) a mais do que a Argentina tinha negociado com a China.
“A China ampliou o uso do swap que já tínhamos concedido, tínhamos solicitado 5 bilhões de dólares e eles concederam 6,5 bilhões de dólares, o que representa um grande alívio para a Argentina”, declarou Fernández, que está em visita oficial à China.
Em um comunicado, o Banco Central argentino informou que, segundo o acordo, esses fundos “podem ser aplicados a objetivos de desenvolvimento do comércio bilateral e à estabilidade dos mercados financeiros na Argentina”.
As reservas do Banco Central estão em US$ 24,99 bilhões (R$ 126,35 bilhões), de acordo com o balanço oficial divulgado na terça-feira, mas as reservas líquidas estão negativas em cerca de US$ 5 bilhões (R$ 25,3 bilhões), segundo analistas.
O fortalecimento das reservas é vital em um cenário de grande volatilidade, com uma corrida cambial que levou a cotação do dólar paralelo a ultrapassar a marca dos 1.000 pesos por dólar, enquanto no mercado oficial, controlado pelas autoridades, o dólar está cotado a 365 pesos.
Essa volatilidade ocorre dias antes das eleições presidenciais do próximo domingo (22).
Sergio Massa, ministro da Economia e candidato presidencial pela União pela Pátria (peronismo), afirmou que a ampliação do swap “é uma enorme notícia para o fortalecimento das reservas, para acelerar o pagamento de importações e ter capacidade de intervenção no mercado”.
As pesquisas indicam o economista e deputado ultraliberal Javier Milei (Liberdade Avança) como favorito. Ele defende a dolarização da economia.
Na semana passada, Milei, que pretende eliminar o Banco Central se for eleito, agitou os mercados ao afirmar que o peso “não pode valer nem fezes” e aconselhar os poupadores a mudarem para o dólar, o que lhe rendeu uma denúncia penal do presidente Fernández e uma reação dos bancos privados pedindo “responsabilidade democrática” diante do temor de uma corrida bancária.
A corrida contra o peso acontece em meio a uma inflação anual de 140%, acelerada desde 14 de agosto, quando o governo desvalorizou a moeda em 20%.