O Conselho Constitucional da Argélia cancelou as eleições presidenciais previstas para 4 de julho ao rejeitar as duas únicas candidaturas apresentadas, defendendo prorrogação do mandato do presidente interino, Abdelkader Bensalah, que termina em 9 de julho.
A votação permitiria a eleição do sucessor do presidente Abdelaziz Bouteflika, que renunciou em 2 de abril, após 20 anos no poder, sob forte pressão de manifestantes e das Forças Armadas.
Os opositores acusavam o governo de Bouteflika de corrupção crônica e de falta de reformas econômicas para combater o alto índice de desemprego, que excede 25% entre pessoas com menos de 30 anos. Os manifestantes também são contrários à tradição de intervenção militar em assuntos civis no país.
Os dois candidatos, que não são figuras públicas, não conseguiram reunir 60 mil assinaturas para validar suas candidaturas.
O Conselho não estabeleceu uma nova data para a realização do pleito e afirmou que corresponde ao atual presidente “convocar novamente a comissão eleitoral e finalizar o processo até a escolha do novo presidente da República e o juramento de seu mandato”.
Desta maneira, a instituição sugere a prorrogação do mandato tampão de Bensalah, nomeado em 9 de abril.
De acordo com a Constituição, Bensalah assumiu o cargo de chefe de Estado durante “90 dias no máximo”, antes de transmitir o poder ao novo presidente eleito neste intervalo.
Assim, Bensalah, que tem como principal missão organizar as eleições presidenciais, permanecerá no posto além do prazo previsto pela Constituição.
Desde 22 de fevereiro, os argelinos protestam nas ruas, em particular em Argel, para pedir uma mudança de sistema político no país.
Com o cancelamento das eleições, as manifestações continuam a ocorrer, pedindo a renúncia de Bensalah e o fim do domínio da elite, representada pelo partido de Bouteflika, a Frente de Libertação Nacional, que controla o país desde que se tornou independente da França, em 1962.