O pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) envie todos os relatórios produzidos pelo órgão durante a pandemia para informar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indica que Augusto Aras está “fazendo o L” na tentativa de ser reconduzido ao cargo em setembro, quando acaba seu mandato.
Como revelado pelo jornal “Folha de S.Paulo”, a Abin elaborou mais de mil documentos alertando o ex-presidente sobre os possíveis impactos do coronavírus no país, o que, segundo o procurador-geral da República, configura “fato novo” sobre conduta de Jair Bolsonaro durante a emergência de saúde.
A Abin não é uma autoridade na área da saúde e, portanto, fez sua análise sobre o cenário da pandemia com base em informações de entidades médicas e científicas. Essas informações eram as mesmas que Bolsonaro desafiou durante sua gestão – negando a eficácia do uso de máscaras, falando contra o isolamento social e colocando em dúvida a segurança e eficácia da vacinação, por exemplo.
A rigor, portanto, não há nenhum “fato novo” sobre a conduta de Bolsonaro durante a pandemia, ao contrário do que diz Aras. As questões mencionadas nas análises da Abin, inclusive, já estavam destrinchadas no relatório final da CPI da Covid, aprovado em outubro de 2021 e solenemente ignorado por Aras.
O único “fato novo” nesse cenário é o aceno de Aras ao novo governo na tentativa de permanecer à frente da PGR.