A Opep, como é conhecido o cartel de exportadores de petróleo, anunciou segundo Guga Chacra, do O Globo, uma redução na produção com o objetivo de, ao diminuir a oferta, levar a um aumento no preço do barril. A ação da organização, liderada pela Arábia Saudita e outras ditaduras, vai na contramão dos interesses do governo de Joe Biden e pode indiretamente beneficiar justamente a Rússia.
No ano passado, Biden viajou até a Arábia Saudita para se reunir com o ditador Mohammad bin Salman para convencê-lo a aumentar a produção e assim diminuir o impacto no preço do petróleo provocado pelo embargo à Rússia imposto pelos EUA e seus aliados europeus para punir o regime de Vladimir Putin pela invasão à Ucrânia. Afinal, a alta no petróleo acentuou a inflação americana e em outras partes do mundo.
A viagem do presidente dos EUA para a Arábia Saudita na época foi duramente criticada por defensores dos direitos humanos por dar legitimidade a Bin Salman, um dos mais sanguinários líderes do planeta e responsável por ordenar o esquartejamento do jornalista Jamal Khashoggi. Os defensores da ida de Biden a Riad justificavam a hipocrisia do líder americano com o argumento de que ele estava sendo pragmático na relação com os sauditas.
No fim, a viagem de Biden serviu apenas para dar palanque a Bin Salman. A Arábia Saudita ignora os pedidos dos EUA e segue, naturalmente, agindo de acordo com seus interesses. Se os EUA e os europeus não querem comprar petróleo da Rússia, azar o deles. Os sauditas não definirão quantos barris irão vender em função de decisões geopolíticas em Washington, Berlim, Paris ou Londres.
O extremo da humilhação é a Arábia Saudita comprar petróleo russo com desconto e usar a o excedente da sua produção interna para exportar a preços mais caros justamente para o Ocidente. O embargo à Rússia imposto por Biden no fim serviu mais fortalecer o ditador em Riad do que para enfraquecer o ditador em Moscou.