A sensação de se viver em um país injusto é cada vez mais presente na cabeça do brasileiro. Os conluios políticos, a legislação penal desatualizada para os anseios e realidade do País e a politização e imposição de temas que não têm consenso ou prioridade na agenda da maior parte da população fazem com que a relação do cidadão comum com a Justiça seja cada vez mais de desconfiança. A indicação por parte do presidente Lula de Flávio Dino, um personagem político polêmico, aumenta conforme Bruno Soller, do Estadão, essa dose de descrédito com o poder Judiciário e serve apenas para agradar convertidos.
Em pesquisa exclusiva feita pela RealTime Big Data para o Blog De Dados em Dados, do Estadão, 55% dos eleitores são contrários a ida do ex-governador maranhense para o Supremo Tribunal Federal. O número se assemelha ao divulgado pelo IFP, Instituto França, para o site Jota, que mostrou que 52% dos brasileiros acima dos 16 anos desaprovam a indicação. Apenas 37% acreditam que Lula acertou nesse processo.
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Quando são dissecados os números, o motivo de orgulho do presidente, que afirmou em evento da Conferência Nacional da Juventude estar muito feliz por ter conseguido a aprovação do primeiro “ministro comunista” do STF, é justamente o grande receio da maioria da população brasileira. Para 64% a origem comunista do mais novo ministro é o principal motivo para sua rejeição. Sua atuação como ministro da Justiça é um problema para 51% e outros 36% falam de seu mandato como governador do Maranhão para rejeita-lo.
Apesar de agradar sua militância mais dura, Lula comete um grande erro ao exaltar o “comunismo” como ponto a se comemorar pela escolha de Flávio Dino. 52% dos eleitores, segundo o Datafolha, demonstraram temer que com o governo Lula, o Brasil possa se tornar um país comunista. Além dos bolsonaristas de plantão há uma intersecção nesses números entre eleitores que deram seu voto de confiança a Lula por rejeitarem Bolsonaro e que acreditam, depois da posse de Lula, que o Brasil possa caminhar para esse rumo, rejeitado por 73% dos brasileiros.
Com o aumento da deterioração de imagem do STF, apontada pelo Datafolha, com o crescimento de 7 pontos percentuais, em um ano, da rejeição à máxima instancia jurídica do País, a chegada de Dino pode ajudar a piorar esse imaginário coletivo. É impossível para o eleitor comum desassociar a Justiça da realidade violenta em que o País vive. O tráfico de drogas e a criminalidade são os pontos máximos da indignação da população com o ordenamento jurídico e a sensação gritante de im