Suspensa do PDT junto com outros sete deputados por contrariar o partido e votar a favor da reforma da Previdência na Câmara, a deputada Tabata Amaral (SP) agora está mais conhecida nacionalmente e com aprovação maior, contrariando o clima de hostilidade entre parte de seus seguidores.
É o que mostra um estudo da consultoria Ideia Big Data. De acordo com o levantamento, 30% das pessoas que conheciam Tabata Amaral em junho aprovavam sua atuação em Brasília. Este porcentual passou para 61% em julho. A pesquisa neste mês foi feita entre os dias 14 e 17 – após, portanto, a votação em 1º turno da reforma na Câmara.
O levantamento também mostrou que a porcentagem de pessoas que dizem ser “nem favoráveis, nem desfavoráveis” ao mandato de Tabata diminuiu de 55% para 19%. Avaliações desfavoráveis passaram de 15% para 20%. A porcentagem de pessoas que desconhecem a deputada passou de 97% para 81%. Os que dizem “conhecer bem” a parlamentar eram 1% e agora são 6%. Já quem afirma que “conhece de ouvir falar” são 13% – eram 2% em junho.
Para o presidente do Ideia Big Data e professor da Universidade George Washington/EUA, Maurício Moura, o resultado põe em xeque o real impacto dos ataques a Tabata nas redes. Ela virou meme e, com a hashtag #TabataTraidora, foi bastante criticada por parte da esquerda e de sua própria “bolha”nas páginas oficiais.
“Os políticos brasileiros entram numa onda de se pautarem pelas redes sociais. Ao primeiro olhar, a deputada Tabata Amaral perdeu musculatura nas redes, refletido essencialmente pela perda de seguidores no ambiente digital”, diz Moura. “A pesquisa mostra que a jovem paulista saiu maior do episódio: mais conhecida e melhor avaliada.”
Ele compara o caso Tabata com a congressista americana Alexandria Ocasio-Cortez, do Partido Democrata. “Quando políticos tradicionais confrontam uma liderança jovem, quem sai maior geralmente é a novidade. Nos Estados Unidos vivemos o fenômeno da deputada Alexandria Ocasio-Cortez. Quanto mais atacada pelo establishment, seja Democrata ou Republicano, mais popular a deputada se torna.”
O levantamento do Ideia Big Data, como mostrou antes o blog do Lauro Jardim no jornal O Globo, ouviu 2.010 entrevistados tanto em junho quanto em julho, nas cinco regiões do País e a margem de erro apontada é de 2,15%.
Tabata tem evitado comentar a possível expulsão do PDT. Procurada pelo Estado, ela não comentou os dados da pesquisa. Após votar a favor da reforma, ela disse: “A reforma que hoje votamos não pertence mais ao governo; ela sofreu diversas alterações feitas por esse mesmo Congresso. O sim que digo à reforma não é sim ao governo e também não é um não a decisões partidárias. Meu voto é um voto de consciência” de acordo com o Estadão.
Após informar a suspensão de Tabata e de outros sete deputados pró-reforma, o presidente do PDT, Carlos Lupi, sinalizou que conta com uma possível “evolução” da deputada e de seus colegas – já que a reforma ainda será votada em 2º turno na Casa, em agosto. Veja o andamento da proposta no Monitor Bolsonaro. “É importante lembrar também que ainda terá uma segunda votação na Câmara, em agosto. O ser humano vive da evolução. E acho que todos podem evoluir durante esse processo”, disse Lupi, na quarta.