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sábado 15 de fevereiro de 2025 às 07:54h

Aprovação a Lula em queda livre, recuo entre mulheres e cenário pior até do que no mensalão: tudo sobre o novo Datafolha

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Às vésperas de uma reforma ministerial e após fazer ajustes na comunicação, o governo de Lula da Silva (PT) vê o início do seu “segundo tempo” ficar marcado por um tombo na popularidade — puxado por segmentos que formam a base de sustentação do presidente. A atual gestão atingiu o menor índice de avaliação positiva de todos os mandatos do petista na série histórica do Datafolha. De acordo com nova pesquisa do instituto divulgada na sexta-feira, o percentual do eleitorado que considera que Lula 3 é ótimo ou bom caiu 11 pontos percentuais em apenas dois meses, de 35% para 24%. No grupo que declara ter votado em Lula no segundo turno das eleições de 2022, a queda é ainda maior, de 20 pontos. A reportagem foi feita com informações de Luis Felipe Azevedo, Bernardo Lima, Renata Agostini e Sérgio Roxo, do O Globo.

No quadro geral da população, a avaliação negativa do governo (ruim ou péssima) também é recorde. O índice subiu, no período, de 34% para 41%, enquanto o percentual da população que considera a gestão regular variou de 29%, em dezembro, para 32% no levantamento mais recente, que ouviu 2.007 eleitores entre 10 e 11 de fevereiro e tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Se considerados os três mandatos de Lula, o menor índice de ótimo e bom em levantamentos do instituto até então havia sido atingido em outubro e dezembro de 2005, no auge da crise do mensalão, quando apenas 28% consideravam sua primeira gestão positiva. Já o maior índice de ruim e péssimo (34%) havia sido apontado em dezembro passado, no terceiro governo.

Comparação com rival

O resultado é negativo também se comparado aos indicadores de popularidade do antecessor de Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O líder da direita tinha uma avaliação negativa semelhante à do petista na mesma altura do mandato, com 40% de ruim ou péssimo, mas a avaliação positiva do ex-mandatário era maior, de 31%. Naquela altura de sua gestão, Bolsonaro enfrentava uma crise pela condução da pandemia de Covid-19.

Na sexta-feira, poucas horas após a divulgação da pesquisa, Lula afirmou, sem mencionar os números do Datafolha, que quer provar que sua gestão é a melhor para a condução do país. A fala ocorreu em discurso durante um evento de anúncio de investimentos da Vale, em Parauapebas (PA).

— Vamos derrotar a mentira, porque 2025 será o ano da verdade nesse país. Eu quero provar que somos melhores do que os outros para governar esse país — disse o presidente.

A movimentação na opinião da população brasileira, detectada pelo Datafolha, ocorre após a crise envolvendo o monitoramento de transações superiores a R$ 5 mil, incluindo as por meio do Pix, e um mês depois da chegada do ministro Sidônio Palmeira, marqueteiro da campanha de Lula em 2022, à Secretaria de Comunicação Social da Presidência. A queda de popularidade também reforça a pressão gerada pela alta da inflação dos alimentos na percepção sobre o Executivo federal, impacto que já havia sido apontado pela pesquisa Genial/Quaest no mês passado, que também mostrou erosão na aprovação do governo.

O fator renda ajuda a explicar a queda na avaliação positiva de Lula. Na fatia com remuneração de até dois salários mínimos — que representa pouco mais da metade da amostra do Datafolha, tradicionalmente apoia mais o presidente e é mais afetada pela alta nos preços —, a percepção de que a gestão do petista é ótima ou boa desabou de 44% para 29%. Entre eleitores do Nordeste, que também é um tradicional reduto do PT, houve queda semelhante. O índice passou de 49% para 33%.

O comportamento desses grupos explica a redução ainda mais expressiva na parcela que diz ter votado em Lula nas últimas eleições presidenciais. O índice de avaliação ótima ou boa passou de 66%, em dezembro, para os atuais 46%. Nesse grupo, a maioria dos que mudaram de ideia passou a ver a gestão Lula como regular — o percentual foi de 27% para 40% —, mas a percepção negativa também avançou, de 7% para 13%.

Hoje, o único grupo em que Lula tem avaliação positiva superior à negativa é o da população menos escolarizada, com uma margem de dez pontos, mas mesmo nesse segmento houve erosão na popularidade do governo. Na parcela que estudou até o ensino fundamental, a queda no índice foi de 15 pontos percentuais, de 53% para 38%.

O petista também ainda aparece com avaliação positiva numericamente à frente entre os nordestinos, mas a vantagem é apertada (de três pontos) em relação ao percentual de ruim e péssimo, grupo que representa 33% do total.

Já os segmentos em que a avaliação negativa do governo aparece com mais força são os que compreendem as três faixas de renda acima dos dois salários mínimos. Entre quem tem renda de 2 a 5 salários e de 5 a 10 salários, a avaliação ruim ou péssima tem vantagem de 33 pontos em ambos. Na faixa seguinte, com renda acima de 10 salários, a vantagem é de 45 pontos negativos. A necessidade de uma maior aproximação com a classe média já estava no radar do governo, que tem focado na pauta do empreendedorismo, mas a nova pesquisa reforça o tamanho do desafio.

Surpresa e comemoração

Os números surpreenderam uma ala da Esplanada, que já esperava uma redução da popularidade, mas não no patamar contabilizado. Na visão de aliados de Lula, o resultado do Datafolha reflete a crise do Pix, a alta da inflação e os erros de comunicação no ano passado que levaram nervosismo ao mercado. O fato de a maior parte dos eleitores de Lula ter migrado para o grupo dos que avaliam o governo como “regular”, porém, foi comemorado. Aliados dizem que isso facilita uma recuperação.

Na sexta-feira, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, defendeu que Lula tem força e vigor adequados para reagir.

— O presidente Lula tem a humildade e a experiência necessárias para ler e a força e vigor adequados para reagir e mexer no que tem que ser mexido no segundo tempo do jogo — disse o ministro, que citou a queda da inflação e do dólar como sinais de que o quadro pode ser alterado. — O IPCA de janeiro já foi o menor desde 2012, o dólar já tem trajetória de queda, com trabalho, sem truques ou malabarismos.

Já a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, avaliou que os números são resultado de um período ruim do governo e que é necessário agora resolver problemas como o da inflação dos alimentos e implantar medidas como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. “Temos que virar esta página, cuidando dos problemas reais do nosso povo”, afirmou.

Na oposição, que no passado lançou dúvidas sobre pesquisas de opinião, o quadro negativo para o governo foi motivo de comemoração. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) destacou nas redes o recuo de Lula entre os mais pobres e disse que o “povo está acordando”. O senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), disse que o “Datafolha expressa em números a 3ª lei de Newton, a da ação e reação” e que “o Lula mais amargo dos 3 é o mais rejeitado de todos os Lulas”. Compartilhado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Nogueira é da ala bolsonarista do PP, sigla que comanda a pasta do Esporte do governo Lula.

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