Fontes do Itamaraty e do PT já acenderam o alerta para os próximos movimentos da direita no mundo, após a vitória de Javier Milei na Argentina neste domingo (19).
Para integrantes da diplomacia brasileira e do partido ouvidos pelo blog, o atual presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, tem pouca chance de derrotar o republicano Donald Trump e se reeleger nas eleições americanas em 2024 – a não ser que haja uma mudança nos cenários.
Essa mudança seria o surgimento de um candidato democrata mais competitivo. Caso contrário, a Argentina não será o único país governado por um ultraliberal nos próximos anos.
Caso a volta de Trump na maior economia do mundo se concretize, os dois eixos principais de atuação do Brasil passariam a ser a Europa e o Sul global. E, nesse contexto, fontes avaliam que, apesar de Milei, é mais provável que o acordo entre Mercosul e União Europeia seja assinado até o fim do ano.
Sobre as relações com o novo presidente argentino, o governo vê o movimento com cautela e deve esperar para saber o que, dentro de tudo o que disse Milei era discurso de campanha e o que será colocado em prática.
Oficialmente, a posição é a de que o governo está à disposição.
Enquanto isso, a oposição a Lula faz a festa. Bolsonaristas comemoram nas redes sociais e veem vitória de Milei como esperança no continente para as eleições de 2026.
Entre aliados mais pragmáticos de Lula, os recados da vitória Milei são de que esquerda precisa trabalhar uma frente ampla de fato – e não apenas de um slogan de campanha.
A eleição de Milei foi muito comparada no governo brasileiro com a vitória de Bolsonaro sobre Haddad em 2018.
Até a porcentagem que deu a vitória a Bolsonaro (55%) é o mesmo número que deu a vitória a Milei, lembram integrantes do governo. Haddad, teve 44,8%.
Além disso, comparam o apoio da centro-direita aos ultraliberais no Brasil, em 2018.
Como recado, interlocutores de Lula têm reforçado nos bastidores que o “espírito do tempo é de direita” e que, além de Trump, 2026 no Brasil não está excluído da lista caso não haja uma inflexão ao centro real do governo Lula.
Economia
Sobre expectativas para a economia, integrantes da equipe econômica de Lula veem a proposta de dolarização proposta por Milei como algo de médio ou longo prazo, já que não haveria como implementar esse projeto no curto prazo, do ponto de vista técnico.
“Vão arrumar dólar para circular como? Onde? Tem medo de calote, tem tudo isso. A tendência maior é adotar”, diz uma alta fonte da equipe da Fazenda.
A comparação, por ora, é de que o governo de Milei terá uma economia como foi no governo Sarney-Collor, se o presidente eleito levar adiante tudo que prometeu, na visão do governo brasileiro.
Já sobre os BRICS, a expectativa da Fazenda é de que seja apenas bravata, pois o resultado da saída do bloco seria muito devastador.