O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone nesta última segunda-feira (20) com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para tratar sobre o acordo comercial entre os dois blocos. Em comunicado, o Planalto afirmou que o diálogo teve como base as negociações entre Mercosul e União Europeia e que a conversa durou 30 minutos: “A conversa, que durou cerca de meia hora, deu seguimento à reunião que mantiveram na cúpula do G20, em Nova Deli, e tratou do andamento da negociação do acordo entre Mercosul e União Europeia”.
Os líderes devem voltar a se encontrar na próxima semana durante a COP-28 em Dubai, Emirados Árabes. O Planalto afirmou, também, que o presidente Lula conversou recentemente com o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, que ocupa a presidência rotativa da União Europeia. No início deste mês, Lula já havia falado com o presidente espanhol para reforçar a necessidade de acelerar a conclusão do acordo comercial.
O comunicado oficial sobre o encontro afirmava que “[Lula] lembrou que o Brasil deverá levar à COP-28, em Dubai, uma proposta comum com os demais países com grandes reservas florestais tropicais”. Apesar das negociações entre os dois blocos acontecerem há cerca de 22 anos, o petista criticou as exigências feitas pela União Europeia na pauta ambiental.
Como o Brasil segue na presidência do Mercosul até o dia 7 de dezembro, o chefe do Executivo tem se movimentado para articular os pontos finais das negociações entre os dois blocos antes que tanto a sua liderança quanto a de Sánchez cheguem ao fim. A ligação aconteceu um dia após o libertário Javier Milei ter vencido as eleições argentinas para presidência. Durante a campanha, o recém-eleito chefe do Executivo chegou a afirmar que não tinha intenção de manter relações institucionais com o presidente Lula e que pretendia “dolarizar” a economia argentina. Por enquanto, as negociações pelo acordo UE-Mercosul seguem no nível técnico, mas há ainda cautela quanto à conclusão da parceria por conta de dois temas considerados irrevogáveis por Lula, como compras governamentais e pautas ambientais.
Em setembro, havia uma sinalização de esforço entre ambos blocos para que o acordo fosse fechado até o fim deste ano. Mas, por enquanto, o chefe do Executivo brasileiro corre contra o tempo na tentativa de aprovar o acordo UE-Mercosul antes que Javier Milei assuma a presidência da Argentina ou que, após tomar posse, execute sua ideia de deixar o Mercosul.