Depois de o presidente Lula reagir a pressões de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e dizer numa entrevista a rádios mineiras que não há motivo para tirar o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, do cargo, o presidente do Senado já botou em prática seu plano B.
De acordo com interlocutores de Alcolumbre e auxiliares de Lula, o senador, que tem o apoio de um grupo de colegas pela troca no ministério, tem duas reivindicações alternativas.
Uma é colocar Victor Saback, secretário de geologia, mineração e transformação mineral, na secretaria-executiva – substituindo Arthur Valério, que está de saída.
A segunda é indicar um novo presidente para a Pré-Sal Petróleo (PPSA), hoje sob o comando de uma interina, Tabita Loureiro.
A PPSA é uma empresa pública vinculada ao MME que gerencia os contratos de produção no pré-sal e arrecada royalties da exploração de petróleo e gás natural para a União, que depois são repassados para Estados, municípios e o Distrito Federal.
A expectativa é a de que, apenas neste ano, sejam arrecadados US$ 5,8 bilhões (R$ 33,4 bilhões na atual taxa de câmbio) com royalties – para o ano que vem, a projeção é ainda maior, de US$ 7,6 bilhões (R$ 43,8 bilhões).
Parte desse dinheiro vai para o Fundo Social do Pré-Sal, cobiçado por um dos aliados de Alcolumbre na ofensiva para derrubar Silveira – o empresário Carlos Suarez. Conhecido como rei do gás, ele trabalha para conseguir financiamento para a construção de gasodutos que viabilizem uma rede de distribuidoras de gás que ele tem em diversos estados.
Conforme informou o blog, Alcolumbre tem como aliados parlamentares insatisfeitos com a gestão do ministro, como Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA), Eduardo Braga (MDB-AM) e Marcos Rogério (PL-RO). No Senado, Silveira é visto como um ministro que virou as costas para a Casa no loteamento político de estatais, priorizando os interesses do Palácio do Planalto.
Já Suarez entrou em rota de colisão com o ministro por conta de uma disputa com a Âmbar Energia, dos irmãos Joesley Batista e Wesley Batista, que compraram térmicas da Eletrobras na Amazônia. Suarez, que é dono de uma distribuidora de gás no estado, questiona a aquisição na Justiça através da estatal Cigás, controlada por ele.
Apesar do lobby de Alcolumbre, Lula garantiu nesta terça-feira (5) que não vai trocar o comando de Minas e Energia e chamou Silveira de “ministro excepcional”.
“Ele será mantido ministro, não há por que mexer numa coisa que está fazendo uma revolução no setor energético brasileiro e no setor de Minas desse país”, afirmou o presidente da República.
Procurada pelo blog da Malu Gaspar, a assessoria de Alcolumbre não se manifestou. Pessoas próximas ao presidente do Senado alegam reservadamente que “esses movimentos não procedem” e que ele continua sendo aliado de Silveira.