Deputados do PT, guiados pelo líder do partido na Câmara, Reginaldo Lopes (PT-MG), acionaram na última segunda-feira (4) o Ministério Público do Distrito Federal para investigar o general Braga Netto por uma fala sobre a disputa entre o bolsonarismo e o TSE em torno das urnas eletrônicas.
Empresários relataram à equipe da coluna de Malu Gaspar, no jornal O Globo, que Braga Netto afirmou que se não for feita a auditoria dos votos defendida pelo presidente, “não tem eleição”. A fala provocou constrangimentos num encontro da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
À equipe da coluna, a assessoria de imprensa de Braga Netto afirmou que não houve ameaças, que sua fala foi tirada de contexto e mal interpretada pelas fontes.
Para o PT, a declaração de Braga Netto constitui crime contra o estado democrático de direito e acaba incitando “radicais seguidores portadores de discursos de ódio”.
“A iniciativa do general e aspirante a candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pelo presidente Jair Bolsonaro revela uma conduta comum a ambos e representa uma postura ultrajante, desrespeitosa, ofensiva e criminosa”, sustenta a legenda.
O próprio presidente Jair Bolsonaro já disse em conversas reservadas que “se não tiver auditoria, não vai ter eleição”. Além das Forças Armadas e da Polícia Federal, o chefe do Executivo pretende acionar a Controladoria-Geral da União (CGU) para fiscalizar as eleições deste ano, conforme informou a coluna.
Nesta segunda-feira, a coluna revelou que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também vão inspecionar o processo eleitoral deste ano.
Para a legenda do ex-presidente Lula, qualquer servidor público “tem o dever funcionar pelo respeito aos poderes constituídos e obediência às leis vigentes no país, sob pena de responsabilização” por crimes elencados no Código Penal.
Ao acionar o MP do DF, o PT pediu a abertura de apuração sobre a conduta de Braga Netto no episódio — e que seja requisitado à Firjan imagens e gravações do evento com a participação de Braga Netto.
A notícia-crime foi enviada à procuradora-geral de Justiça do DF, Fabiana Costa Oliveira Barreto.