Cobrado por integrantes do Congresso para ter mais participação na articulação política do governo, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, pretende ampliar espaço na agenda a parlamentares. Segundo a colunista Jeniffer Gularte , do O Globo, o ministro foi aconselhado a intensificar a atuação após a série de críticas de dificuldades no governo na formação da base na Câmara e no Senado. Nesta tarde, ele participa de uma reunião com congressistas e dirigentes do MDB.
De acordo com integrantes do ministério, há uma disposição de Costa em se aproximar mais dos parlamentares, sem fazer da Casa Civil um espaço de atendimento de deputados e senadores, já que essa é a função do Ministério das Relações Institucionais, comandada por Alexandre Padilha.
Nesta semana, Costa vai participar, ao lado de Padilha, de reuniões com MDB e o União Brasil. Na tarde desta terça-feira, a reunião com MDB será com o presidente da legenda, Baleia Rossi, e os líderes da Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), e do Senado, Eduardo Braga (AM). As conversas serão coordenadas por Padilha, mas a ida de Costa foi um gesto pensado para o Congresso de que o ministro está aberto a conversas. Na semana passada, o chefe da Casa Civil foi chamado para os encontros com PSB e PSD no Planalto, mas não compareceu. De acordo com auxiliares, estava em reuniões com presidente Lula no mesmo horário.
Auxiliares de Costa veem necessidade de quebrar a imagem de que ele é rígido e se exime de assuntos voltados à articulação política. Desde o início do governo Lula, Costa tem tentado implementar um perfil mais gerencial à sua atuação na Casa Civil. O ministério tem atribuição de dar ritmo à Esplanada, coordenar as principais ações de governo, além de cobrar ministros sobre prazos e metas.
O ministro é procurado por deputados e senadores, mas evita conversas sobre a formação de base para não avançar na agenda de trabalho de Padilha. No seu gabinete, recebe parlamentares com pauta definida de projetos e escapa dos assuntos de articulação, o que desagrada parlamentares. O ministro argumenta a aliados que prefere não entrar no assunto por entender que não está no seu escopo de atribuições e que isso pode prejudicar a gerência dos projetos do governo.
Demora em nomeações
Outra crítica comum vinda do Congresso é que a demora para nomeação de cargos de segundo e terceiro escalão se deve à lentidão da Casa Civil. O próprio ministro passou a acompanhar o período de tramitação das nomeações em um gráfico. Técnicos da pasta responsáveis pelo trabalho afirmam que a média de aprovação de indicados entre janeiro e maio é de oito dias, incluindo consulta do nome na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Controladoria-Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU), cartórios e juntas comerciais.
Em meio ao bombardeio recebido por Costa no Congresso, Lula destacou o papel do ministro em duas agendas que fez no Nordeste no final da última semana. Em Salvador, o presidente disse que o auxiliar “toma conta do governo” e em Crato (CE) falou que ele era quase “um primeiro-ministro”
— Devo muito ao Rui, é minha Dilma de calças. O Rui toma conta do governo, tudo que vai para mim, passa pelo Rui primeiro. É um jeito, inclusive, dele me proteger, para que eu não possa cair uma cilada. Rui tem papel fundamental no governo — afirmou em Salvador.
Os movimentos de Costa em direção aos parlamentares começaram já na semana passada, quando o ministro esteve duas vezes no Senado. Em uma delas, conversou com líderes do governo e, na outra, com líderes da oposição sobre os pontos do Marco do Saneamento que o Planalto pretende alterar.
A derrota do governo no plenário da Câmara dos Deputados com a derrubada de trechos que alteravam o Marco do Saneamento foi debitada na conta do ministro. As mudanças foram lideradas por Costa e derrubadas na Câmara por 295 a 136 votos. Na semana passada, o próprio Costa reconheceu como erros do governo ao não ter conversado com líderes da Câmara sobre o marco do saneamento básico.