Após cancelar a viagem à China e passar o final de semana em repouso no Palácio da Alvorada devido a uma pneumonia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve manter-se em recuperação no início desta semana, apenas com agendas internas. Segundo afirmou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha para Karolini Bandeira, do O Globo, a evolução de Lula é “positiva” e o período sem agenda fora do Alvorada poderá ser utilizado para avançar com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nas discussões sobre o arcabouço fiscal, conjunto de medidas para controle das contas públicas.
Haddad também cancelou a ida à China depois do diagnóstico do presidente. A presença do ministro em Brasília pode antecipar o anúncio da nova regra fiscal, já que Lula usava a viagem de Haddad como justificativa para não tornar público o projeto. Na última sexta-feira, Haddad afirmou querer sanar todas as dúvidas de Lula sobre a proposta para, enfim, apresentá-la.
O presidente também poderá usar o tempo na capital para se debruçar sobre o rito das Medidas Provisórias (MPs) e a crise entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que estão se desentendendo por divergências sobre as MPs.
Ao menos 20 medidas aguardam para ser debatidas e votadas nos próximos meses, e o tema é motivo de embate entre Lira e Pacheco desde 7 de fevereiro, dia em que o presidente do Senado assinou um ato para revogar o modelo adotado no início da pandemia da Covid, em 2020, que deu mais poder e tempo de análise aos deputados. Ao propor a volta das comissões mistas, conforme previsto na Constituição, o Senado tenta retomar o protagonismo.
Entenda como funciona a tramitação das MPs — Foto: Arte/O Globo
O impasse, no entanto, pode atrapalhar os planos do governo. Entre as medidas em pauta, há temas considerados urgentes pelo Palácio do Planalto, como a recriação da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), extinta pela gestão Lula por uma MP, e a composição ministerial atual.
É em meio a quebra de braço entre os dois presidentes que a Câmara dos Deputados vota, nesta semana, as 13 MPs editadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) no fim do ano passado.
Diagnosticado também com Influenza A na sexta, o presidente Lula pode faltar também a outro evento que terá a presença do vice, Geraldo Alckmin (PSB), e ministros do governo: a tradicional Marcha dos Prefeitos, prevista entre os dias 27 e 30. Médico, Padilha afirmou que irá recomendar que o presidente não participe da mobilização.
Pneumonia e gripe
As detecções de pneumonia bacteriana e gripe (Influenza A) no presidente Lula barraram a viagem marcada para a China nesse domingo, 26. A parada de Lula nos Emirados Árabes, prevista para ocorrer depois das agendas na China, também foi adiada.
Em comunicado oficial, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República informou que a decisão se deu em razão de orientação médica.
“Após reavaliação no dia de hoje [sábado] e, apesar da melhora clínica, o serviço médico da Presidência da República recomenda o adiamento da viagem para China até que se encerre o ciclo de transmissão viral”, diz nota publicada no sábado assinada pela médica da Presidência, Ana Helena Germoglio.
Apesar de o governo ter pressa, a próxima data de embarque de Lula para o país ainda não tem data e depende da agenda das autoridades chinesas, sobretudo do presidente Xi Jinping.
Nesse domingo, o presidente chinês enviou uma mensagem ao presidente brasileiro desejando melhoras e reafirmando interesse em marcar a ida de Lula em um momento “oportuno para ambos os lados”. A informação foi dada pela porta-voz dos Ministérios das Relações Exteriores da China.
Lula cumpriu uma série de compromissos e viagens pelo Brasil nas últimas semanas, chegando a passar por três estados apenas na última quarta-feira: de manhã, Paraíba, à tarde, Pernambuco, e à noite, Rio de Janeiro. Ele foi alertado por auxiliares de que o ritmo de compromissos estava muito intenso e deve usar os próximos dias para descansar, principalmente.