O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) conquistou a maioria dos votos e foi reeleito para ocupar por mais dois anos a presidência do Senado, garantindo uma vitória ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda que a oposição liderada por bolsonaristas tenha marcado terreno.
Apoiado por Lula, Pacheco venceu o senador Rogério Marinho (PL-RN), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, ao atingir 41 votos entre os 81 senadores. A votação ainda continuava.
Pesaram a favor de Pacheco as movimentações dele e de seu principal articulador, o senador Davi Alcolumbre (União-AP), assim como as negociações sobre postos e posições na Casa e conversas com o governo federal sobre indicações para o segundo e terceiro escalões do Executivo.
Fora isso, ao menos cinco ministros de Lula assumiram por um dia suas cadeiras no Senado para engrossar as fileiras governistas a favor de Pacheco.
Soma-se ainda a entrada em campo até mesmo de integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF). Alguns ministros da corte telefonaram para senadores em defesa de Pacheco, informou uma fonte do Judiciário com conhecimento das tratativas.
O resultado da disputa, que ganhou, para alguns integrantes do Senado, ares de “terceiro turno” eleitoral, deve servir para aferir, ainda que de maneira aproximada, a força que a oposição terá para complicar o governo na aprovação de medidas prioritárias.
Algumas matérias de interesse do governo já aguardam votação no Congresso. Esse é o caso da primeira medida provisória editada por Lula no dia em que tomou posse: a MP do Bolsa Família, que garantiu o pagamento do benefício no valor de 600 reais.
Há ainda a MP que devolve o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ao Ministério da Fazenda, e a MP que reduz a incidência de PIS-Cofins sobre combustíveis, além do conjunto de medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para reduzir o déficit fiscal.
Em discurso antes da votação, Pacheco acenou com o compromisso de tocar a reforma tributária e um novo regramento fiscal, tema de interesse do governo, e mencionou a importância de medidas de proteção ambiental.
“Temos um desafio agora pela frente: a reforma tributária, um novo arcabouço fiscal, porque não podemos admitir que se continue a arrecadação confusa do sistema tributário brasileiro, tampouco podemos permitir que se acabe com a responsabilidade fiscal no nosso país, que é uma conquista da modernidade”, discursou.
Pacheco também defendeu que se modifique a legislação para reduzir, por exemplo, o poder de decisões monocráticas de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), um recado indireto a muitos dos apoiadores de Marinho.